O relatório, intitulado O Estado das Crianças do Mundo 2024: O Futuro da Infância num Mundo em Mudança, prevê que, até 2050, a região será fortemente impactada por pressões climáticas e uma escassez de recursos essenciais, como educação, saúde e água potável.
Apesar de a África Subsaariana continuar a ter um crescimento populacional elevado, com a projeção de que, em 2100, o continente terá mais crianças do que qualquer outra região do mundo, a proporção de crianças em relação à população adulta deverá diminuir significativamente, passando de 50% na década de 2000 para menos de 35% até 2050. Esse aumento da população jovem representa um desafio para garantir melhores condições de vida, educação e saúde para essa geração.
A crise climática é uma das ameaças mais imediatas. As crianças da região já enfrentam grandes riscos devido a eventos climáticos extremos, como inundações e ondas de calor. Até 2050, espera-se que essas condições meteorológicas severas afectem ainda mais as crianças com acesso limitado a abrigos e serviços essenciais. Além disso, o fosso digital agrava ainda mais as desigualdades. Enquanto os países de rendimentos elevados têm quase 100% de acesso à internet, apenas 26% das pessoas em países de baixo rendimento têm conectividade, o que limita o acesso das crianças a ferramentas digitais essenciais para a educação e o futuro profissional.
A solução, segundo o UNICEF, passa pelo investimento em cidades mais resilientes e sustentáveis, na expansão de infraestruturas climáticas e tecnológicas, e na garantia de acesso universal à tecnologia para todas as crianças. O relatório destaca que, embora o cenário seja desafiador, há esperança para o futuro, desde que haja ação política urgente.
O Dia Mundial da Criança, com o tema “Ouvir o Futuro”, serve como um chamado global para ouvir as vozes das crianças, especialmente da África Subsariana, que expressam suas esperanças de segurança, educação e proteção contra os riscos climáticos.
O UNICEF conclui que é possível moldar um futuro melhor para as crianças de amanhã, mas isso só será possível com decisões políticas e investimentos voltados para o bem-estar das crianças hoje.
Além dos desafios climáticos e tecnológicos, o relatório do UNICEF também destaca o impacto das mudanças demográficas na África Subsaariana. A crescente população jovem traz tanto oportunidades quanto riscos. O continente, com a maior população infantil do mundo, enfrenta uma pressão crescente para oferecer educação, saúde e emprego de qualidade. A falta de recursos suficientes e a escassez de oportunidades adequadas podem prejudicar o desenvolvimento de um capital humano capaz de impulsionar as economias regionais. (Bendito Nascimento)