No sábado passado (16.11), um académico de renome, acompanhado por outros indivíduos não identificados, trouxe para o local mais de seis caixas de cerveja, que foram distribuídas entre os estudantes residentes. Aparentemente, o objectivo era incentivar os moradores a consumir álcool, para, em seguida, obter informações sobre os responsáveis pelas manifestações pacíficas que ocorreram na sexta-feira.
A situação gerou um desconforto imediato, já que a introdução de bebidas alcoólicas contraria as normas estabelecidas pela UEM e pela própria gestão da residência. Além disso, muitos estudantes viram a atitude como uma tentativa de manipulação e intimidação, uma vez que o consumo de álcool poderia enfraquecer a capacidade reflexiva dos estudantes e levar com que esses respondessem qualquer pergunta feita sobre as manifestações contra as condições precárias, como a má qualidade da alimentação e a falta de assistência médica e social.
O episódio tornou-se ainda mais grave no domingo, quando, para surpresa dos estudantes, agentes da SERNIC (Serviço Nacional de Investigação Criminal) começaram a circular pela residência e pelo campus universitário. Alguns agentes estavam à paisana, enquanto outros estavam armados, o que gerou um ambiente de vigilância constante. A presença dos agentes de segurança, em conjunto com o clima de consumo de álcool induzido, foi vista pelos estudantes como uma tentativa de coação e controle das manifestações pacíficas, prejudicando a liberdade de expressão e o direito à manifestação.
A situação ainda está a ser acompanhada de perto pelos moradores da residência, que exige uma resposta clara da Universidade Eduardo Mondlane e das autoridades governamentais sobre a forma como este episódio será tratado. Muitos temem que a situação evolua para uma repressão mais severa contra os estudantes, afectando o direito à livre expressão e mobilização. (Bendito Nascimento)