Sucede que logo pela manhã, a população e vendedores atinam uma revolta, em reivindicação a várias bancas incendiadas por pessoas que foram ao mercado 38, fazendo se segundo fontes transportados em uma Mahindra, uma marca de viatura que normalmente em Moçambique é usada pelo estado, pela polícia moçambicana e órgãos de gestão eleitoral e dificilmente é encontrada na garagem de cidadão que não está ligado ao governo.
Para reprimir as manifestações a polícia pôs-se a lançar gás lacrimogêneo e a disparar balas de borracha, e os tiros iam para todo quanto era lado e passavam atingindo qualquer um que cruzasse o caminho.
Na sequência dos disparos, o azar bateu à porta da família do jovem Wilson Afonso, cuja filha foi atingida mortalmente e a sua esposa levou dois tiros nos membros inferiores e encontra-se a receber tratamentos no hospital provincial de Chimoio.
A pequena Marlene de 13 anos de idade, aluna da sétima classe na escola básica 7 de abril, foi atingida por uma bala no abdômen enquanto colhia pêssegos no quintal e encontrou a morte no local. “Vieram dois agentes mascarados, e começaram a atirar a miúda estava parada a colher pêssegos e foi atingida mortalmente, e quando a mãe tentou a socorrer também foi atingida e caiu inanimada, foram fracções de segundo e os atiradores foram se embora”, explicou Wilson.
“Não tenho onde recorrer para repor a justiça, porque a polícia é do governo e é o mesmo que detém as instituições, talvez se eu conhecesse os atiradores ia contar as favas de forma individual, porque não é possível alguém matar uma criança indefesa e que não constituía perigo para a nação, e ainda tinha muito por dar”, lamentou Wilson Afonso com lágrimas ensopadas pelo rosto, devido a perda da filha e porque no futuro a mulher não será a mesma porque pode estar condicionada a algumas actividades doméstica já que ficou gravemente ferida.
A morte da pequena Marlene, não consta das estatísticas hospitalares, porque o hospital provincial de Chimoio reportou apenas um óbito e 9 feridos.
O morto reportado pelo hospital é a do Tobias Macone, chefe da praça de transportes de passageiros da rota Chimoio Macate e vice e versa, cujos restos mortais foram a enterrar na tarde desta quarta-feira no cemitério tradicional de Chimoio, onde familiares e amigos aderiram em massa para o último adeus do popular Tobias.
“Acredita que não consegui ver a urna” , reclamava uma cidadã fazendo crer que o cemitério de Manjoro no bairro 7 de Abril estava abarrotado de gente para testemunhar as exéquias fúnebres do amigo de todos.
O jovem Tobias, foi atingido por duas balas na cabeça, enquanto angariava passageiros na praça, e quando os colegas se deram conta ele já estava estatelado no chão e tentativa ficou fracassada de o manter vivo porque as perfurações pelos tiros eram profundas.
“Ele estava na praça e quando começou as manifestações um grupo queria agredir a polícia e o Tobias repeliu os manifestantes e protegeu os agentes, mas mal que os policiais foram recolhidos em três Mahindras, ele ficou à vontade na estrada, no entanto, enquanto ele conversava com um agente foi surpreendido por duas balas na cabeça e caiu de imediato” explicou Zé um dos familiares da vítima.
Consta que Tobias era um ferrenho apoiante do partido FRELIMO ao nível do bairro 7 de Abril. Os tumultos de segunda-feira, começam com fogo posto na Banca de Paulino White no mercado 38.
Em parte incerta, temendo a morte, Paulino White falou via telefone com a Integrity, e disse que perdeu 331 mil meticais em produtos, valor monetário que estava no interior da Banca e pela destruição da infraestrutura.
White, ainda lamenta pelo sucedido, e disse que as pessoas que provocaram o incêndio agiram de má fé.
“Assim que estou a falar não estou em Chimoio, porque ainda estão a me seguir, não fui eu quem provocou o problema, aliás nós vivemos do mercado apesar de termos uma inclinação política, e eles queimaram várias bancas o que esperavam da reação dos vendedores?” – Questionou.
Há que responsabilizar o Estado, pelas vidas e pelos bens perdidos durante as manifestações de segunda-feira, defende a rede de defensores dos direitos humanos em Manica. Mairoce, ponto focal da RMDDH em Manica, disse que a organização está atenta às atrocidades durante as manifestações.
“Estamos a fazer de tudo, para que as pessoas, sendo eles cidadãos comuns ou mesmo agentes da polícia tenham a digna assistência, e a rede tem dados de todos que estão a sofrer, e vamos seguir todos os passos”, explicou Mairoce quem apela para uma manifestação pacífica e que a polícia seja republicana não actuando com inclinações porque a corporação foi criada para proteger o cidadão não um grupo de indivíduos.
Apesar de os mortos serem vítimas da ação policial, as despesas fúnebres dos já finados estão a ser suportados pelos familiares e amigos e o mais caricato é que a pequena Marlene deve ser enterrada no distrito de Mocuba, província da Zambézia e os meios financeiros da família são escassos para satisfazer o ensejo. (Pedro Tawanda, em Manica)