A PGR entende que Venâncio Mondlane e o partido PODEMOS incentivam as pessoas a participarem nas manifestações que resultaram na destruição de bens públicos sem contar com a paralisação de actividades, pelo que pediu o pagamento de 32 milhões de meticais em compensação.
O órgão culpa Venâncio Mondlane mas aparecem milhares de pessoas a afirmarem que seria injusto encarregar-se a ele por tratar-se de uma causa colectiva, é neste sentido que existem cidadãos que querem co-responsabilizar-se pelos danos da dita destruição de bens públicos.
Por este motivo criou-se uma “vaquinha” para angariação dos 32 milhões. Feitas as contas, se 15 milhões de moçambicanos contribuíssem com 2,13 meticais (dois meticais e treze centavos ) seria suficiente para o pagamento do valor. Ou por outra, se cada um contribuísse com 50 meticais seriam necessários apenas 640 mil contribuintes.
Nas redes sociais já circula uma mensagem, assinada pelos “Cidadãos moçambicanos” pedindo uma conta bancária oficial para a canalização do montante, assumindo que os danos foram causados pelo colectivo de manifestantes.
O que aqui me admira é a união dos manifestantes, o “amor” que estes têm por Venâncio Mondlane, a disposição que existe em tudo fazer por ele. Nunca antes viu-se tal comprometimento por uma figura política no país.
Pelo que se sabe esta é a primeira vez que cidadãos, que reclamam por melhores condições de vida, prontificou-se a pagar uma “dívida” de um político. Se isso já tiver acontecido em outros quadrantes do mundo, de certeza conta-se com os dedos de uma só mão.
Mas que tipo de amor é esse? Realmente precisa ser estudado. Devemos procurar entender como o amor a um político influencia a atitude revolucionária ou a consciência política. Entenda-se que aqui não se trata de amor como romance.
Esse comportamento pode até reforçar as teorias populistas de que há uma força maior usada por Venâncio para influenciar as massas. Afinal de contas, caso seja verdade, não seria a primeira vez que isso acontece na política.
Entretanto, precisamos ter em conta que, como o Papa Francisco disse num dos encontros de fraternidade, “a política é a forma mais alta, maior, de caridade. O amor é político, isto é, social, para todos”. E é isso que se vive entre Venâncio Mondlane e seus apoiantes.
Resultado de magia ou não há que admirar o amor que as pessoas têm por esta figura. E os demais políticos deveriam procurar criar este sentimento entre eles e os cidadãos, afinal de contas não é impossível, é só saber como cortejar o povo.
Mesmo sem ser “mestre da conquista”, se os políticos quiserem ter o amor do povo, recomendariam o uso das oito “bem-aventuranças do político”, propostas pelo Cardeal vietnamita Francisco Xavier Nguyen Van Thuan. (Ekibal Seda)