Após os professores terem sido alvo de acções violentas por parte da polícia, que incluiu detenções arbitrárias e o uso de gás lacrimogêneo, a ANAPRO anunciou uma paralisação geral das actividades docentes até que as exigências da classe sejam atendidas.
O confronto ocorreu quando os professores, reunidos em uma manifestação pacífica para exigir melhores condições de trabalho e o pagamento das horas-extras em dívida que se acumulam desde 2021, foram brutalmente dispersos pela polícia.
Segundo relatos de participantes da marcha e vídeos postos a circular nas redes sociais, a intervenção policial foi excessiva, com o uso de balas verdadeiras e gás lacrimogêneo, o que gerou uma onda de indignação entre os professores e a sociedade em geral. A ANAPRO, que havia organizado o protesto para pressionar o governo a cumprir as promessas de pagamento das horas-extras e outras pendências, denuncia a falta de respeito e consideração pelas autoridades.
Diante dessa repressão, a ANAPRO adotou uma medida de retaliação imediata: a retenção dos resultados pedagógicos, o que significa que os professores não irão disponibilizar os resultados de avaliações dos alunos até que a situação seja resolvida.
Além disso, não participarão nos conselhos de notas, uma medida que tem o potencial de impactar directamente no desempenho e nas progressões académicas dos estudantes, especialmente no ensino secundário. A paralisação inclui também a suspensão da preparação para os exames nacionais, particularmente para as 10ª e 12ª classes.
A decisão foi tomada com base na falta de uma resposta concreta do governo à situação das horas-extras em dívida. A ANAPRO revelou que os professores estão há quase três anos sem receber os pagamentos de horas-extras. A ANAPRO considera que o governo, em vez de negociar de boa-fé, tem se mostrado desinteressado e enganador, prolongando indefinidamente a resolução do problema.
Contudo, este cenário de tensão crescente entre o governo e os professores pode refletir em descontentamento generalizado no sector da educação, que tem enfrentado não só problemas com a impressão de livros do ensino primário, mas também uma crescente falta de valorização e respeito pelos direitos dos educadores. E a repressão policial contra a manifestação é vista como um reflexo da forma autoritária com que o governo tem lidado com os movimentos sociais e as reivindicações dos trabalhadores. (Bendito Nascimento)