De acordo com publicações da plataforma, os protestos resultaram em 76 mortes, distribuídas em quatro fases de intensificação: 16 na Fase 1, 13 na Fase 2, 11 na Fase 3 e 36 na Fase 4, marcando o pico de violência. Paralelamente, foram registados 240 casos de baleamentos, além de mais de 1.700 feridos por diferentes causas, entre os quais se destacam agressões físicas, asfixia por gás lacrimogéneo e traumas psicológicos.
A repressão também gerou um número significativo de detenções, totalizando 3.000 pessoas, sendo 1.417 casos documentados directamente pela Plataforma Decide. Esses números incluem 464 detenções na Fase 1, 99 na Fase 2, 506 na Fase 3 e 348 na Fase 4.
As manifestações foram marcadas por confrontos violentos entre os manifestantes e as forças de segurança, com episódios de repressão severa em várias províncias. A insatisfação popular está ligada a denúncias de irregularidades nas eleições e a um sentimento generalizado de exclusão política e econômica. Apesar dos apelos de diversas organizações civis por negociações e pelo respeito ao direito de manifestação pacífica, a escalada de violência persistiu ao longo do período monitorado.
Os números revelam um impacto devastador para as comunidades envolvidas, com relatos de famílias enlutadas, feridos sem acesso a cuidados médicos adequados e um aumento no clima de medo e insegurança. A Plataforma Decide, que conduziu a monitoria com base em denúncias e presença de campo, destacou em vários momentos, a necessidade urgente de uma abordagem mais humanitária e democrática por parte das autoridades.
O período de 41 dias de manifestações em Moçambique não apenas expõe as fragilidades do sistema político, mas também ressalta a urgência de reformas e de uma resposta mais inclusiva aos anseios da população. Com dados que evidenciam uma escalada de violência e repressão, o relatório da Plataforma Decide é um alerta para o governo e a sociedade civil sobre as graves consequências de uma crise que ainda não dá sinais de resolução. (Bendito Nascimento)