Na quinta-feira, 28, a empresa chinesa China Nonferrous Trade (CNT) comprou a maior reserva de urânio e nióbio do Brasil, localizada no Amazonas, por US$ 340 milhões, cerca de 3 biliões de meticais. A CNT é uma subsidiária que pertence ao governo chinês.
O nióbio é um metal estratégico para diversas indústrias, especialmente na fabricação de ligas de alta resistência, super-condutores e componentes para a indústria aero-espacial. A principal característica é a alta capacidade de resistência a temperaturas extremas, o que o torna essencial em sectores como a construção de aviões e foguetes, além de ser um componente importante na fabricação do aço.
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Entre os países com maiores reservas de nióbio, o Brasil ocupa a primeira posição, com mais de 98,2% das reservas conhecidas e lavráveis no mundo. São aproximadamente 16,1 milhões de toneladas de óxido de nióbio contido (Nb2O5), o que representa cerca de 93% da produção mundial, e a maior parte das reservas está concentrada em estados como Minas Gerais, Goiás e Amazônia, nas minas de Araxá, Catalão, Ouvidor, Pitinga e outras jazidas no Centro-Norte de Rondônia.
Quais são os principais países com reserva de nióbio?
Além do Brasil, outros países com expressivas reservas de nióbio incluem Canadá e Austrália, que ocupam o segundo e terceiro lugares no ranking global. O Canadá detém aproximadamente 200 mil toneladas de nióbio e responde por cerca de 6,7% da produção mundial. Já a Austrália, ainda que com reservas menores, também tem se destacado na exploração do metal.
Seguidos do top 3 estão Angola, Rússia, Arábia Saudita, República Democrática do Congo, Nigéria, Etiópia e Moçambique. Estes países têm demonstrado interesse crescente na exploração do mineral, mas suas reservas e produções ainda são modestas quando comparadas aos grandes produtores.
Veja a lista dos ‘senhores’ do nióbio
- Brasil
- Canadá
- Austrália
- Ruanda
- Nigéria
- Moçambique
- Etiópia
O crescimento da demanda e o papel do Brasil no mercado global
Nos últimos anos, a demanda por nióbio tem crescido a um ritmo acelerado, com uma média anual de consumo mundial entre 100 mil e 150 mil toneladas de Nb2O5. Esse aumento se deve principalmente ao uso crescente do metal na fabricação de ligas de alta performance, materiais para a indústria de energia e novos mercados, como o de veículos elétricos. De 2016 para 2017, a produção global de nióbio foi de cerca de 86,7 mil toneladas de Nb2O5, sendo o Brasil responsável por mais de 93% dessa produção, com cerca de 23,5 mil toneladas de Nb2O5 extraídas, o que equivale a 142 mil toneladas de nióbio contido.
Entre os maiores produtores brasileiros, destaca-se a mina de Araxá (MG), operada pela CBMM, uma das maiores fornecedoras mundiais de nióbio. A mina tem uma produção média superior a 78 mil toneladas por ano e é uma das mais rentáveis, com uma vida útil estimada em 400 anos, graças à enorme quantidade de minério disponível. O teor médio de Nb2O5 na mina de Araxá é de 2,59%, o que torna o local extremamente eficiente para a extração do mineral.
Reservas e potencial futuro
Enquanto o Brasil domina a produção e as reservas de nióbio, países como Ruanda, Nigéria e Etiópia têm mostrado crescente interesse nas suas jazidas potenciais. A África, especialmente a região central e oriental, desponta como uma área promissora para futuras descobertas e pode, com o tempo, representar uma fatia maior no mercado global de nióbio.
Em termos de reservas e produção, o Brasil continua imbatível, mas o desenvolvimento de novas tecnologias de exploração e a busca por fontes alternativas de nióbio podem mudar o cenário global nas próximas décadas. No entanto, por enquanto, o país permanece como líder absoluto no mercado, com uma posição consolidada e uma vantagem competitiva difícil de ser superada.
Impacto econômico e geopolítico
O controle das reservas de nióbio tem também uma forte dimensão geopolítica. O metal é crucial para a indústria de defesa e para a produção de tecnologia de ponta. A liderança brasileira neste setor, portanto, confere ao país uma posição estratégica no mercado global. A crescente demanda por nióbio, somada ao seu alto valor agregado, coloca o Brasil em uma posição vantajosa para se manter como líder nesse mercado especializado por muitos anos.
Em resumo, o Brasil não só domina as reservas de nióbio, mas também está na vanguarda da produção mundial do metal. À medida que a demanda cresce e novos produtores buscam explorar suas jazidas, o país continuará a ser uma peça-chave no cenário global de mineração e materiais estratégicos. (EXAME/INTEGRITY)