INTEGRITY, MAPUTO, 02-12-24 – Agora, imaginem só o drama! Esses abençoados pelo “sistema” não estão nada satisfeitos. Reclamam por aumento salarial e mais regalias. Afinal, como é possível sobreviver com tamanha miséria? Imagine, você ganhando mais de cinco milhões de meticais, com subsídios para tudo, desde combustível até alimentação, e ainda sentir que sua vida está uma “luta”. Ah, e claro, não podemos esquecer das viagens internacionais. Porque, convenhamos, quem quer ficar limitado a um país que mal tem infraestrutura básica quando se pode ir para o exterior à custa do povo?
Enquanto isso, nas periferias de Maputo, Tete, ou em qualquer outra província onde a pobreza é uma constante, o povo mal tem o que comer. Os hospitais estão em colapso, as escolas são precárias, e as estradas são um desastre. Mas, é claro, isso não pode ser comparado aos desafios de viver com “apenas” cinco milhões de meticais por mês, não é? Sonhei que numa entrevista recente, um dos “preocupados” quadros da ENH até afirmou que o valor não era o suficiente para “manter o padrão de vida” que ele e sua família merecem. Imaginem a aflição dessa alma nobre!
Agora, vamos pensar um pouco: qual seria a solução para o dilema desses profissionais tão sofridos? Quem sabe um “aumento de subsídios de luxo”, para que possam “acompanhar a inflação dos seus estilos de vida” e quem sabe mais um carro blindado, porque quem precisa de um país sem segurança quando se pode andar de carro importado?
Num cenário como este, onde a desigualdade se torna quase uma obra de arte, como podemos ignorar o fato de que os nossos governantes e figuras de poder parecem viver numa bolha de ouro, longe da realidade do povo que os elegeu? Ou será que a realidade deles é, de fato, a mesma que a do cidadão comum? Ah, claro! Afinal, estamos todos juntos na “luta”, não é?
Então, que venham mais aumentos, mais regalias e mais “preocupações” por parte dos nossos amados quadros da ENH. Porque, no final das contas, é apenas uma questão de perspectiva: se para o povo a miséria é um fardo, para quem recebe milhões, a verdadeira batalha é manter o “status quo” do luxo em tempos de crise.
Por: Onélio Duarte