A Frelimo tem feito um grande esforço para marginalizar Venâncio Mondlane. Primeiro tentou mantê-lo fora do boletim de voto e agora quer assegurar que ele permaneça fora de Moçambique. Igualmente tem marginalizado as suas tentativas de promover manifestações pacíficas – greves, panelaços, cartazes, etc. O seu apelo esta semana para que as pessoas fossem para o trabalho mas bloqueassem as ruas, estacionando os seus carros nas estradas principais, foi totalmente ignorado. Em vez disso, houve mais manifestantes nas ruas.
Mas a grande mudança é que os jovens descontentes, que sentem que não têm futuro nem voz, estão a tornar-se cada vez mais violentos. Estão a apedrejar carros e a exigir portagens. Cresce também um movimento que está a atacar fisicamente à Polícia e à Frelimo. Casos como este foram vistos há sete anos em Cabo Delgado. Nessa altura, a resposta da Frelimo foi de confrontação em vez de oferecer emprego e ouvir os jovens. Isto pode significar que a guerra civil está a continuar e não foi travada pelas tropas ruandesas.
Os dirigentes da Frelimo esperam manter a linha dura. Esperam que o Conselho Constitucional legitime Daniel Chapo como Presidente na véspera de Natal e que a sua tomada de posse, a 12 de Janeiro, solidifique o poder da Frelimo. Mas a rebelião juvenil desta semana está a parecer cada vez mais semelhante aos primeiros dias da guerra de Cabo Delgado.
A Frelimo já perdeu o apoio dos profissionais – advogados, médicos e professores. A classe média de Maputo votou contra a Frelimo nas últimas eleições. Os jovens já não estão a ouvir os mais velhos e estão a lançar a sua própria guerra.
Será que os líderes da Frelimo vão assumir que estão no controlo até serem obrigados a voar para o Dubai? Ou será que há pessoas na Frelimo que aceitam a necessidade de uma grande mudança? Os protestos já não são sobre as eleições, mas sobre a pobreza dos jovens, a marginalização e a falta de futuro. (TEXTO: Centro de Integridade Pública)