Todavia, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição no País, tem um entendimento contrário. Aliás, a RENAMO, que esteve do outro lado da mesa das conversações, por mais de 100 rounds, a debater o acordo ainda sem acordo, mostra-se insatisfeita. Alguns proponentes da parte governamental disseram, em viva voz, que certos pontos ora acordados, no diálogo político-militar entre as partes, só visavam responder a questões imediatas e inseridas no conflito, as quais, porém, também necessitam de revisão.
Entretanto, esse tipo de afirmações acaba por activar velhas mágoas e um sentimento de raiva por quem acreditou estar a negociar para uma paz duradoura e definitiva, o que ditou os Acordos de Maputo e reintroduziu os processos de encerramento de bases, Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos homens residuais da RENAMO. Porém, nota-se, com bastante preocupação, que a maior parte das promessas do Governo não está a ser cumprida.
Além disso, os homens da contraparte ficam sem pensões e outros aparecem assassinados. Quando os homens que deveriam integrar a Polícia da República de Moçambique (PRM) e outras instituições castrenses são deixados à deriva e sem respostas sobre as suas inquietações, fica-se com profundas suspeitas sobre a estratégia usada pelo Governo relativa à gestão deste dossier. É mesmo uma incógnita, ainda não decifrada publicamente, mas politicamente em experimentação!
Talvez estejamos diante de uma grande cartada, visto termos um Governo que sempre procura justificações para os seus fracassos e a sua inconsistência governativa. Talvez esta seja a porta para o tão desejado terceiro mandato, que se discute em surdina; contudo, pelo nível de fúria com que os intelectuais da RENAMO discutem, o assunto pode facilitar a abertura descontrolada da botija de gás e devolver os velhos problemas de que há décadas o País padece, o constante Estado de conflitos, por falta de confiança entre as duas maiores forças políticas e o apego exacerbado ao poder pelo actual regime.
Por isso, deve-se chamar a atenção dos visados: Quem defende a paz em Moçambique deve estar atento ao andamento dos últimos fenómenos políticos no País, porque tudo pode ser o tubo de escape que os homens precisam para se manter no poder. Assim, estaremos num estágio de conflito e ataque às instituições públicas e particulares. E, como resultado, todo o esforço até aqui feito será nulo e o culpado de tudo, mais uma vez, será quem tiver iniciado os disparos e não quem terá rasgado o acordo e desvalorizado a Constituição da República de Moçambique (CRM), simplesmente por ter percebido tarde que algo já acordado deveria ser novamente debatido!
Portanto, o jogo político é complexo, e, porque o homem é, por natureza, um animal político, como defenderam Aristóteles, Hobbes e Maquiavel, talvez estejamos perante uma grande cartada, que pode ser também uma grande golpada, no estilo “os fins justificam os meios” – real politics em acção –, em que já não conta a força do argumento, mas, sim, a força de quem dita as regras do jogo e possui sob controlo o saco azul! (Editorial)
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