A iniciativa foi revelada durante uma transmissão ao vivo no seu Facebook e visa intensificar os protestos contra o que Mondlane descreve como uma crise de legitimidade democrática e violações dos direitos fundamentais no País assim como a verdade eleitoral.
A Fase 4×4 propõe sete dias consecutivos de manifestações, programadas para ocorrer entre 8h e 15h30. Durante este período, cidadãos de todo o país são encorajados a paralisar actividades e ocupar vias públicas, avenidas e bairros com demonstrações pacíficas, utilizando cartazes e faixas com mensagens de protesto.
Mondlane enfatizou que o movimento tem como objectivo alcançar um impacto massivo, com a participação de desempregados, trabalhadores, estudantes e outros segmentos sociais.
O horário das manifestações foi cuidadosamente estruturado para garantir a maior visibilidade e eficácia. “Tudo o que se move deverá ficar estacionado”, afirmou o Mondlane na sua live, ressaltando que os participantes devem criar formas de protesto criativas e visualmente impactantes.
Às 15h30, haverá um momento simbólico em que os manifestantes formarão círculos ou filas, de mãos dadas, e cantarão o hino nacional e o hino da África. Segundo Mondlane, drones e celulares serão usados para capturar imagens dos protestos, contribuindo para a divulgação e registro da mobilização.
Diferentemente das fases anteriores, Mondlane anunciou o fim das “paneladas” nocturnas que agora serão substituídas pelo uso de apitos e vuvuzelas das 21h às 22h. Este, pediu que os manifestantes adquiram esses instrumentos como forma de amplificar a mobilização e criar um ambiente de resistência sonora mais organizado.
O político, também recomendou a suspensão temporária das actividades escolares durante o período das manifestações. A decisão foi tomada em resposta ao histórico de violência policial registrado em protestos anteriores, que colocou crianças em risco. Mondlane apelou aos pais e responsáveis para protegerem os menores, evitando que frequentem áreas onde possam ocorrer confrontos.
Além disso, ele defendeu o fechamento de instituições específicas, incluindo sedes do partido Frelimo, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o STAE, alegando que essas entidades têm sido coniventes com irregularidades eleitorais. Mondlane criticou ainda eventos turísticos e celebrações de final de ano, argumentando que “não há festas felizes quando um povo está triste”.
As portagens também não escaparam. O candidato apelou para encerramento de cobranças junto das portagens espalhadas ao longo de todo o País.
Mondlane reiterou que a Fase 4×4 é um movimento pacífico e aberto ao diálogo, mas alertou que não aceitará imposições do actual governo ou manipulações que comprometam a integridade das demandas populares. Ele também rejeitou a ideia de uma transição política liderada pelo Presidente actual, afirmando: “Não vamos permitir que quem promoveu a fraude seja responsável pela transição.”
Contudo, a campanha promete testar os limites da resistência popular e do poder de mobilização em um momento de grande tensão política. Se bem-sucedida, talvez desta vez, poderá abrir possibilidade para negociações mais inclusivas ou uma pressão mais contundente ao Conselho Constitucional (CC) para uma revisão as reclamações da oposição sobre o processo eleitoral. (Bendito Nascimento)