“Há muitos jovens que estão a deixar o espírito de covardia lhes levar. Eles precisam entender que é tempo de vencer (…)”, defende Lino Eustáquio

Por: Omardine Omar

1. 1. Quem é Lino Eustáquio?

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Lino Eustáquio é um jovem moçambicano, nascido na Beira, Especialista em Recursos Humanos, Autor, Escritor, Poeta, Empreendedor Social e Empresário. Lino é militante pela defesa dos direitos dos jovens com especial enfoque para a rapariga.

O Lino é também conhecido pelo seu engajamento no associativo juvenil, tendo exercidos as funções de Líder da liga dos Escuteiros de Moçambique – agrupamento 501; Secretário da Cidade na Organização da Juventude Moçambicana; Secretário do Comité Provincial para a área do movimento Estudantil e trabalho voluntário; Presidente do Conselho Provincial da Juventude em Sofala e Coordenador Geral da Associação Juvenil Mudança e Desenvolvimento – Mude.

Como já disse, o Lino também é autor das obras Mundividência Poética, O Poeta Ambulante e, co-autor das obras: Muralha da Lírica Brasileira e Moçambicana, Colóquio Poético, Desnudar os Silêncios, Donzela e Gestão Estratégica em Organizações Filantrópicas.

2. Quando começa e entra para o mundo político?

Considero como marco da minha estreia na política o ano 2003, o momento em que ingressei na Organização da Juventude Moçambicana, no distrito de Dondo, em Sofala. Para mim, este foi o meu primeiro passo na política.

3. Em quem se inspira em termos ideológicos?

Inspiro-me especialmente em Samora Machel e Ernesto Che Guevara. Estes dois homens transmitem-me a ideia de revolução, luta pela liberdade, união e independência política, económica e social.

4. O que terá o levado sair da anterior formação política para a actual?

Chega um momento na vida em que todo filho precisa sair da casa dos seus pais e trilhar o seu próprio caminho. E é exactamente isso o que está a acontecer. Encontrei o meu próprio caminho e estou feliz com ele. Qualquer pai ou mãe devia estar feliz por ver um filho a desenvolver. Não se trata de um acto de rebeldia ou insatisfação política, mas de um processo natural do meu amadurecimento como pessoa, como activista social e como político.

5. Acha ser o momento certo para apostar nesta candidatura?

Não poderia existir um momento melhor. Sou jovem, tenho a experiência, a inteligência, a força, a energia e a vontade de trabalhar. Não quero com isso dizer que não tenho nada a aprender. Pelo contrário, estou aberto a novas aprendizagens, mas também trago uma bagagem comigo. A política moçambicana passou-nos a falsa crença de que só as pessoas de 50, 60, 70 ou 80 anos é que podem liderar, e os jovens, até que cheguem a essa idade, devem ser meros expectadores.

A população moçambicana, e a da Beira não é excepção, é composta maioritariamente por jovens. Isso para mim quer dizer alguma coisa em termos do tipo de governação que devíamos ter. Como jovem, estou mais inclinado a me identificar e a ouvir os desafios dos jovens, porque eu também vivo os mesmos desafios. Essa é uma vantagem que tenho e pretendo usá-la. Para mim, enfatizo mais uma vez, não podia existir um momento melhor que este.

6. Caso vença, quais serão as suas áreas prioritárias na gestão da cidade da Beira?

A minha gestão irá priorizar, sobretudo as questões ambientais, olhando para aqueles que têm sido os principais desafios da cidade da Beira nos últimos anos.  Temos um projecto multissectorial, não só de educação ambiental, que envolverá todos os beirenses, de todas as classes sociais.  A nossa prioridade será também a construção de diques e barragens ao longo dos rios e da costa para ajudar a controlar o fluxo de água do mar e prevenir inundações, bem como criar canais e tubulações para direccionar a água das chuvas para fora das áreas urbanas.

Iremos também proporcionar aos jovens alternativas face ao desemprego, como criar programas de formação técnico-profissional, empreendedorismo e gestão de pequenos negócios. Temos um plano de reestruturação urbana da cidade da Beira, em termos visuais e estéticos, e um ordenamento territorial que procura mapear e realocar as pessoas para zonas próprias para habitação. Estes são apenas alguns dos vários pontos prioritários que temos.

7. Na sua óptica, o que está a falhar na governação da cidade da Beira e do País em geral?

Vou começar do local. Actualmente, a cidade da Beira tem problemas sérios de ordenamento territorial e escoamento de águas das chuvas. Esse problema é mais notável quando estamos em períodos chuvosos. A própria cidade em si já tem uma localização geográfica não muito favorável. E essa situação é agravada com as construções desordenadas que aumentam a cada dia. É preciso orientar as pessoas onde e como erguer as suas habilitações.

A gestão dos resíduos sólidos a nível da cidade ainda é muito deficiente. Os ciclones Idai, Chalane e Eloise agravaram os níveis de pobreza urbana, que já existia, e aumentou o nível de mendicidade urbana na cidade da Beira. Há que olhar para isto.

Falando do País no seu todo, nota-se que a Governação actual não tem projectos claros de desenvolvimento do País. Falta quase tudo em todos níveis e sectores: a educação e a saúde são deploráveis, há muita falta de competência, infraestruturas sociais e económicas básicas, para não falar da falta de emprego. Ainda temos desafios no âmbito da liberdade de expressão, nepotismo e corrupção do mais alto ao mais baixo escalão da Função Pública.

8. Qual é o grande desafio dos jovens actualmente?

Se olhar com mais atenção, verá que reina no seio da juventude moçambicana uma grande insatisfação pela forma como o país está a ser conduzido. Os jovens, que outrora, eram a seiva da Nação, agora andam sem perspectivas quanto ao futuro e, por causa disso, muitos deles estão a perder o espírito patriótico e não mostram ter compromisso com o país. Tudo isso é fruto daquilo que eu disse antes: a corrupção (por exemplo, as pessoas pagam para ter emprego no Estado, e os que não têm dinheiro nem familiares de influência, ficam à sua sorte). Os nossos jovens não têm a formação que os ajuda a enfrentar os desafios do país e que lhes possibilite encontrar soluções para o problema do desemprego.

9. Como têm sido os seus dias desde que abraçou este desafio?

Tem sido um misto de expectativa e paciência. Estou ciente dos desafios que me esperam e sinto-me preparado para os enfrentar. Tenho recebido muito apoio moral de diversos cantos do país e de pessoas de diferentes faixas etárias. Isso tem me encorajado e aumenta a minha convicção de que estou a fazer o certo e estou no caminho certo.

10. Como os jovens devem se posicionar face ao cenário actual do País?

Acho que o jovem moçambicano está muito conformado com a situação actual do país. Há muitos jovens que estão a deixar o espírito de covardia lhes levar. Eles precisam entender que é tempo de vencer, sair da passividade e construir o país que queremos e sonhamos. Ninguém virá de fora para fazer isso pelos jovens. Grandes homens e mulheres que fizeram grandes revoluções eram jovens que não se conformavam com sistemas políticos e sociais que perpetuam a injustiça. O jovem moçambicano precisa cair em si e entender que esta é a oportunidade deles de fazer a diferença.