Naquela manhã, o rádio ecoava as palavras de descontentamento pelo país. “Como pode um homem de Deus estar à frente de algo tão humano e falhar tanto com os homens?”, Alguém comentou na esquina. O bispo, que antes era símbolo de fé, agora era alvo de desconfiança. As urnas, afinal, pareciam mais profanas do que sagradas.
Enquanto isso, o Conselho Constitucional mantinha seu silêncio. Havia meses que as vozes ali pareciam enterradas em protocolos e processos. O povo esperava, mas o vazio institucional só alimentava dúvidas. Onde estavam os guardiões da justiça, aqueles que deveriam interpretar e proteger a Constituição? Será que dormiam sob o peso da indiferença ou escolhiam o silêncio como forma de conivência?
Nos bairros, nas vilas, nas cidades, o povo falava. Havia quem questionasse se a fé do bispo pesava mais do que sua lealdade política. “Quando o púlpito vira palanque, quem salva a alma da democracia?”, Perguntavam os jovens nas redes sociais. Mas a resposta não vinha. Nem do bispo, nem dos juízes, nem das instituições.
Os mais velhos, cansados de esperar por mudanças, viam no silêncio do Conselho Constitucional uma repetição dos ciclos de impunidade. Já os jovens, herdeiros de uma democracia inacabada, sonhavam com tribunais que julgassem para além dos interesses de quem governa.
E assim, o país caminhava. Com um bispo que não pregava, um Conselho que não julgava, e um povo que, mesmo duvidando, continuava a acreditar que um dia as urnas seriam mais sagradas do que as promessas vazias. (Dedos D’eus)