Por: Calisto Gouveia Jr.
No contexto familiar, se ele for rico, acha que todo o mundo deve lhe obedecer, porque ele é que paga as contas, e sem ele nada se pode fazer. É um pequeno messias da família, que deve ser adorado pelos de baixa condição social. Se ele for pobre, tenderá a coagir os outros a bajular (= escovar) os que têm dinheiro. Portanto, para eles autoridade é uma questão de poder financeiro, e não necessariamente de hierarquia; de qualidade opinativa. O poder da boca está no bolso.
O mal de tudo isso é que, para a pessoa bajulada, o Servilismo é o ar que enche seus pulmões de orgulho; de arrogância. É a escada que eleva o ego ao intocável. E arrogância tem o poder de nos tornar insensíveis, desalmados, diabinhos em pessoas. Tal é o caso da Frelimo. O que era para ser partido, converteu-se em uma fábrica de produção de arrogantes.
Têm uma arrogância omnipresente. No Estado. No Governo. No próprio Partido. Os camaradas chefes são arrogantes em relação aos que se lhes subordinam. Todos eles são arrogantes em relação aos membros e simpatizantes de outras formações político-partidárias. Esse ódio radical se acende até mesmo contra activistas que se mostram apartidários, porque para eles todo o Moçambicano deveria ser membro ou simpatizante dos vermelhos.
Deixe-me dar alguns exemplos dessa arrogância partidária patológica, crônica, maníaca, quase que diabólica. Diante de escândalos dos nossos governantes que vêm à tona, qual é, por exemplo, o ministro da Frelimo que já fez alguma coisa ou colocou o cargo à disposição? Não, muito pelo contrário, os que mais roubam são os mais promovidos. Exalta-se a mediocridade. As exonerações não são uma medida correctiva ou resultantes da detectação de uma incompetência a corrigir. Não. Estas só acontecem quando os interesses do chefe da quadrilha (Presidente da República) são postos em causa. Em outras palavras, tudo que não arranhe o ego de quem manda. E assim vai o comboio dos camaradas, na linha férrea da arrogância, movido a carvão mineral do coração de pedra.
Outro exemplo: Dom Carlos Matsinhe, o porta-voz das fraudes eleitorais. Está claro que se dependesse dele teria deixado o cargo nas últimas Eleições Autárquicas, ou pela verdade, ou por vergonha. A figura do homem de Deus é totalmente incompatível com a soberba, um dos pecados mortais segundo a doutrina cristã. Mas não. Foi forçado a apenas devolver quatro (4) Autarquias das vinte e três (23) arrancadas à força. Não só, quando a Igreja Anglicana quis lhe excomungar da liderança máxima; disciplina eclesiástica que visava preservar a boa índole da igreja perante a sociedade; o que a Frelimo fez? Foi rasgar o dossier da igreja, impondo que Matsinhe continuasse, apesar dos múltiplos pecados públicos: mentira, falso testemunho, roubo, e prostituição democrática.
Outro exemplo recente. Os Estudantes Universitários na residência da UEM, por terem se posicionado ao lado da verdade eleitoral, mostrando o seu desagrado pela fraude, passaram um dia sem refeição. Para piorar, agora querem os responsáveis pela Manifestação dos pupilos. Para quê? Para serem expulsos da universidade? Para perderem a bolsa de estudo? Para serem expulsos da residência? Pelo facto de estarem a usufruir de uma bolsa paga pelo Estado, com o dinheiro do povo, tornam-se automaticamente membros do partido? São eles, por isso, vossos reféns e órfãos de liberdade de pensamento e de expressão? Não foi esse sentimento, o de olhar para os que pensam diferente como alvo a abater, que vitimou o jornalista Carlos Cardoso, constitucionalista Gilles Cistac, advogado Elvino Dias, professor Paulo Guambe, e tantos outros?
O cúmulo. Para silenciar Venâncio Mondlane, Presidente eleito pelos Moçambicanos nas últimas Eleições Gerais, recordista nacional e Internacional em visualizações nas Redes Sociais, amigo de jovens e filho amado dos mais velhos, com carisma a transbordar; fazem o quê? Baleiam. Orquestram saques. Gás lacrimogêneo. Agora ordenam a suspensão dos serviços de dados móveis. Quanto dinheiro perderam as operadoras de telecomunicações ao interromperem as vendas do seu principal serviço, o acesso a dados móveis? Quem os vai ressarcir?
Compatriotas. Esse é o nível mais alto da arrogância. Para que a dignidade Moçambicana seja resgatada, tirem a farda da arrogância. Revistam-se de humildade. Permitam opiniões contrárias. Deixem de perseguir Venâncio Mondlane. Chamem-no. Dêem-lhe o espaço que o voto popular lhe conferiu. Saibam, pois, que a vossa arrogância só vos leva ao mais profundo abismo. O triste é com ela, afundamos todos nós, como nação. Essa arrogância estará um dia no banco dos réus, e vos será motivo mediato e imediato de condenação.
FRELIMO. DEIXEM A ARROGÂNCIA. PELO POVO. PELA PÁTRIA. PELA MUDANÇA. PELO BEM DE TODOS.