Em 5 meses não foram identificados os assassinos, nem tão pouco os mandantes, nem há qualquer esforço para se resolver este e outros crimes hediondos que têm sido cometidos no nosso país. Não há justiça! Desde então muito mais cidadãos moçambicanos foram silenciados da mesma forma brutal, muitos outros simplesmente desapareceram, e mais ainda continuam perdidos nos meandros do nosso sistema prisional… deliberadamente esquecidos e maltratados nas nossas esquadras e prisões, numa estratégia deliberada de abafar e reprimir o nosso direito constitucional de nos manifestarmos. Enquanto este e outros crimes não esclarecidos permanecem como uma gangrena no nosso tecido social, a nossa Procuradoria-Geral da República vai movendo investigações que escancaram o seu carácter politizado e partidarizado.
É com muita revolta e tristeza que lembramos o nosso companheiro Elvino, sempre pronto a defender os direitos dos mais pobres, esquecidos e vulneráveis do nosso país… é com mais revolta ainda que continuamos a assistir à total desvalorização da vida dos moçambicanos, somos mortos por nos manifestarmos, mortos por passar perto de algum ajuntamento, mortos por pensar diferente, mortos por não aceitar mais assistir serenos à delapidação do nosso país… mortos por apontar os graves atropelos à Lei, à corrupção desenfreada que todos juram combater apenas para mostrar que é possível ainda roubar mais… mortos por denunciar os constantes e intermináveis assaltos aos cofres do Estado, o abuso de poder, a prepotência e a incompetência que se desfila nas nossos instituições públicas.
Nunca antes na história de Moçambique independente a nossa bússola ética e moral apontou para um abismo tão profundo. Desde a fraude eleitoral, que o Elvino decidiu combater “até ao fim”, à corrupção aos mais altos níveis, à partidarização do Estado, às graves e constantes violações de direitos humanos, à escancarada incitação ao ódio e violência por parte de quem desgoverna o nosso país, nunca descemos tão baixo. No entanto, apesar das evidências e do actual estado do nosso país, o apoio do Norte Global mantém-se… apenas para que possam continuar a explorar e a lucrar, a sua ganância de explorar as nossas riquezas é tão superior e “inviabiliza” os inúmeros compromissos ocos com a liberdade, a democracia, a justiça e os direitos humanos! Mas não precisamos sequer ir tão longe, mesmo os governos africanos, os nossos próprios irmãos também fingem não ver enquanto o governo moçambicano viola todos os preceitos da liberdade de expressão, de manifestação e os mais elementares direitos humanos, o direito à vida, talvez na esperança que o despertar do povo não se alastre pelas suas próprias dinastias.
Hoje, 18 de Março, escrevemos estas linhas e lembramos Elvino Dias, ao som de tiros, pois hoje o Povo decidiu honrar e celebrar os seus heróis, decretando feriado do Povo. A Polícia decidiu manter a “ordem” e “tranquilidade” da maneira que melhor sabe fazer, prendendo e matando! Mortos com certeza não nos iremos manifestar! Mortos com certeza não poderemos encerrar estradas nem tão pouco exibir os nossos cartazes com os nossos heróis! Quantos mais terão de morrer até que percebam que quanto mais nos matam mas revolta criam? Quantos mais terão de morrer até se paralisar o país? Pensam o quê, que as armas vão garantir a paz? Não é possível calar-nos a todos!
Enquanto as vozes dissidentes são silenciadas uma a uma, ou duas a duas regadas de balas dentro dos seus carros, não estamos apenas testemunhando crimes políticos, mas sim o desmoronamento do próprio tecido moral que deveria unir-nos como nação. A tantos e todos os que teimam em continuar a elevar a sua voz, teimam em continuar a exigir justiça, liberdade e direitos para todos… a luta continua!
Basta de terrorismo de Estado!
Basta de impunidade!
FONTE: JA
The typical life-span of an air conditioning device is in between years whereas a/c systems last about years.