A decisão ocorreu depois de um período de incerteza e fortes declarações públicas, no qual o partido inicialmente afirmou que boicotaram a cerimónia de tomada de posse como forma de solidariedade às vítimas de violência relacionada com os protestos eleitorais liderados por Venâncio Mondlane.
No dia 12 de Janeiro, faltando poucas horas para a cerimónia, Marcial Macome explicou que a decisão de boicote, deliberada tinha como objectivo demonstrar solidariedade para com as vítimas das violações de direitos humanos e contestar os resultados das eleições gerais de 2024, que a RENAMO considera fraudulentos. Na altura, o partido afirmou que não reconhecia os resultados divulgados pelo Conselho Constitucional, defendendo a repetição das eleições como única solução para restaurar a legitimidade política.
Contudo, na mais recente reunião da Comissão Política, a RENAMO decidiu que os seus 28 deputados irão tomar posse. De acordo com Macome, um ofício será enviado à Assembleia da República para formalizar o procedimento, respeitando os prazos previstos pelo Estatuto do Deputado. Este estabelece um limite de 30 dias após a sessão inaugural da AR para os deputados ausentes assinarem o termo de posse. Caso contrário, os seus mandatos seriam considerados vagos e redistribuídos aos suplentes.
Em uma entrevista recente concedida a Integrity Magazine, o porta-voz da RENAMO destacou que a decisão seria tomada após consultas internas e externas, envolvendo as bases do partido, a sociedade civil e diálogos com diversos sectores.
Segundo Macome, o objectivo era compreender as expectativas da sociedade em relação à estratégia do partido. No entanto, o anúncio de que os deputados irão assumir os seus lugares no parlamento pode não ser bem recebido por todos, especialmente entre os apoiantes que esperavam uma postura mais firme contra os resultados eleitorais.
A decisão da RENAMO de boicotar inicialmente a cerimónia de tomada de posse gerou reacções polarizadas na altura. Em 13 de Janeiro, durante a sessão inaugural, o deputado Ivandro Massingue, do PODEMOS, criticou duramente as bancadas da RENAMO e do MDM, que se ausentaram. “Essas bancadas fingem estar ao lado do povo, mas isso é mentira. São covardes e ratos,” declarou Massingue, gerando polémica nas redes sociais.
Agora, com a confirmação de que os deputados da RENAMO irão tomar posse, as críticas sobre uma suposta incoerência nas decisões do partido podem ganhar força.
Contudo, além de deliberar sobre a tomada de posse, a Comissão Política da RENAMO marcou o Conselho Nacional do partido para os dias 7 e 8 de Março, na província de Inhambane. Segundo Macome, este será um momento crucial para debater o futuro do partido e alinhar estratégias diante do actual cenário político. (Bendito Nascimento)