Samanta Lemos explica que os danos ao seu estabelecimento foram graves e exigiria valores avultados para a sua reparação, mas fora o dinheiro a empresária explica que não há garantia de segurança no país, pelo que o empreendimento de oito anos é dado como encerrado.
“Não tem reparação, teria que se reconstruir mesmo do zero, o que no momento não há disponibilidade financeira. Sendo sincera mesmo se houvesse nós não voltaríamos a reconstruir devido a tamanha insegurança pública que rege o país na actualidade”, contou Samanta.
Tecnomil de 8 anos teve todo equipamento danificado pois depois de ser saqueada foi incendiada
Produzia em média 120 toneladas por dia e já possuía um projecto de expansão com vista a duplicação da produção neste ano de 2025 Apesar disso explica que continuará a empreender em Moçambique, mas não nessa área.
Em 2016, a Tecnomill Lda iniciou sua jornada com um propósito claro: fomentar o consumo de produtos inteiramente moçambicanos, com a visão de torná-los acessíveis a todos os estratos sociais. A nossa unidade fabril está localizada na Província de Maputo, na Machava, e gerenciamos centros de distribuição internos e terceirizados em todo o país. O nosso compromisso é encurtar as distâncias e facilitar o acesso a produtos de qualidade para todos os moçambicanos.
A empresária falava no programa Washington Fora de Horas da VOA
Com o encerramento desta empresa os seus trabalhadores ficaram desempregados, mas também os orfanatos que a Tecnomil apoiava ficaram privados de apoio num contexto em que há agravamento da crise humanitária no país.
“Muitas empresas paralisaram, os doadores pararam de enviar doações. Antes de eu viajar consegui fazer uma doação de uma tonelada para cada orfanato que era assistido pelo SOS humanidade e a gente sabe que essa comunidade vai acabar e eu não sei o que vai acontecer com essas crianças”.
De acordo com a dona do empreendimento, Samanta Lemos polícia que guarnecia o local para evitar vandalismo abandonou posto e os malfeitores voltaram ao estabelecimento por pelo menos três vezes.
“Da para entender que a Polícia sabia do que ia acontecer. Eles subiram todos andares da fábrica e queimaram exatamente o equipamento os equipamentos chaves para a produção, ou seja, eles tinham a intenção de tornar inviável a produção do bom milho.
Reconhecendo as causas das manifestações, ela condena a infiltração de criminosos que utilizam meio de cometer as suas atrocidades.
Infelizmente malfeitores, criminosos se infiltram nas manifestações e muita gente também acaba utilizando as manifestações como forma de justificar certos acertos de contas. Até vejo pessoas que têm inimigos e acabam se vingando utilizando a manifestação. Tudo hoje em dia é, manifestação.
SOS humanidade
Dado ao impacto que as manifestações tiveram, principalmente nesta última fase em que assistiu-se o saqueamento e vandalização de lojas, armazéns e outros estabelecimentos, a empresária exorta a não destruição de bens, quer sejam eles públicos ou privados.
“Moçambique é o país do futuro, todos nós sabemos disso, mas é importante saber separar as coisas e não destruir aquilo que já existe, foi conquistado. Podem lutar, podem manifestar, mas destruir aquilo que já existe será um grande retrocesso para a sociedade”. (INTEGRITY)