O anúncio foi feito em um discurso transmitido pela televisão pública síria, onde membros da coligação rebelde afirmaram que todos os prisioneiros detidos injustamente foram libertados.
A “célula de operações para a libertação de Damasco”, responsável pela tomada da capital, afirmou que Damasco está agora livre de Assad, encerrando um período de 50 anos de domínio do Partido Baath e 13 anos de repressão sob a liderança de Bashar al-Assad.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) confirmou que Assad fugiu do país, partindo de Damasco para um destino desconhecido, antes da retirada das forças de segurança e militares do aeroporto da capital. A ofensiva rebelde avançou rapidamente, e os relatos indicam que o exército sírio não mostrou resistência significativa durante a tomada de Damasco.
No mesmo dia, milhares de sírios comemoraram nas ruas, com muitos se reunindo na principal praça de Damasco, aplaudindo e gritando palavras como “Liberdade”. A celebração foi marcada pela libertação de prisioneiros, incluindo aqueles mantidos na prisão de Sednaya, que se tornou um símbolo do regime opressor.
O líder da coligação rebelde Hayat Tahrir al-Sham (HTS), Abu Mohammad al-Jolani, pediu aos combatentes que não se aproximassem das instituições públicas, que ficariam sob o controle do ex-primeiro-ministro até a formalização da transição de poder. Al-Jolani também expressou o desejo de uma transição pacífica, destacando a importância de evitar o caos e garantir a estabilidade do país após a queda do regime.
O ex-primeiro-ministro sírio, Mohammad Ghazi al-Jalali, também se manifestou, afirmando estar pronto para cooperar com a nova liderança que será escolhida pelo povo sírio, e que ele estaria disponível para participar do processo de transição. Jalali pediu a realização de eleições livres e transparentes, destacando que esse processo exigirá uma transição suave em meio a interesses complexos envolvendo diferentes facções.
A fuga de Assad e a queda de seu regime marcam um ponto de virada importante na guerra civil síria, que dura há mais de uma década. Apesar da comemoração nas ruas de Damasco, a instabilidade política e o risco de novas divisões internas permanecem, já que diferentes grupos armados, incluindo facções islâmicas e grupos apoiados por potências internacionais como os EUA, Rússia e Turquia, têm interesses conflitantes sobre o futuro político da Síria.
A Comunidade Internacional, incluindo potências regionais como os Emirados Árabes Unidos, já expressou preocupações sobre a possibilidade de surgirem novos focos de extremismo e terrorismo no país. Além disso, há incertezas sobre o destino de Bashar al-Assad, com especulações de que ele possa ter falecido durante um acidente de avião, já que o voo de um avião sírio desapareceu dos radares pouco após a tomada de Damasco.
Enquanto isso, o foco agora está na reconstrução do país e na criação de uma nova governação que reflicta os anseios do povo sírio, após anos de “opressão”, violência e deslocamento forçado. (Bendito Nascimento)