Por Bendito Nascimento
As vozes que se erguiam eram como um coro desafinado em uma orquestra que nunca foi realmente afinada. Um apelo desesperado por mudança, mas para quem?
No entanto, como se a natureza decidisse brincar com o nosso desespero, o governo optou pelo corte da internet no terceiro dia de manifestações. Ah, a internet! O que representa esse silêncio digital senão uma tentativa de domar a liberdade de expressão? As redes sociais, que poderiam ter sido o palco de debates acalorados, se tornaram um deserto de informações. O que pensaram os moçambicanos ao verem suas vozes silenciadas? A sensação era de estar perdido em uma floresta onde as árvores sussurram verdades, mas as folhas abafam os gritos de socorro. Para o governo, talvez tenha sido uma jogada de mestre, mas para o povo, era como ser atirado em um abismo de incertezas.
E, para coroar essa tragicomédia, a FRELIMO anunciou a vitória de Daniel Chapo com 70% dos votos. Setenta por cento! Uma percentagem que brilha como um diamante em meio à poeira da realidade, mas que, quando observada de perto, revela fissuras que contam histórias de manipulação e desconfiança. Como pode um governo que silencia seus cidadãos afirmar ter o apoio do povo? Essa vitória é digna de aplausos ou é apenas um eco de um triunfo fabricado?
Entre ironias e eufemismos, a pergunta que paira no ar é: quem realmente se beneficia com essa vitória? Daniel Chapo, com seu número reluzente, deve estar a se sentir como um artista em um palco, mas quem é o público que assiste a essa peça? O que acontece quando a democracia se transforma em uma comédia de erros, onde os personagens são fantoches de um enredo previamente escrito?
A reflexão é inquietante: enquanto as greves ecoam nas ruas e a internet se cala, o que os moçambicanos farão a seguir? Permanecerão em silêncio, aceitando essa vitória proclamada, ou levantarão suas vozes, exigindo que a sinfonia da democracia finalmente encontre seu tom? As notas de insatisfação ainda reverberam, e o próximo acto dessa tragédia pode ser mais surpreendente do que imaginamos.