Elvino e Paulo não estavam sozinhos nessa luta. Outros nomes, como Dinis Tivane e Albino Forquilha, emergem como símbolos de coragem em um país onde dizer a verdade é uma sentença de morte. Tivane, advogado e activista, tem desafiado as forças do poder com sua dedicação à justiça social, expondo a corrupção que sufoca o povo. E Forquilha, um fervoroso defensor da liberdade de expressão, usa sua voz para denunciar os abusos, mesmo sabendo que ela pode ser sua última arma.
No entanto, o que o encontro de hoje mostrou foi uma coreografia de formalidades que mal disfarçavam o medo de enfrentar as ideias que Elvino e Paulo representavam. A presença de Dinis Tivane e Albino Forquilha não substitui a lacuna deixada, mas reforça a ideia de que essa luta está longe de terminar.
Enquanto os juízes discursavam em seus tons quase pastorais sobre “o papel das instituições”, ficava evidente que o verdadeiro papel estava sendo desempenhado fora das paredes daquele salão. Elvino e Paulo não apenas denunciaram as irregularidades eleitorais; eles arriscaram suas vidas por uma democracia que insiste em caminhar cegamente e sem rumo. Tivane e Forquilha, agora, carregam esse legado.
A ironia disso tudo é que os mortos gritam mais alto que os vivos. Elvino e Paulo, de suas ausências, questionam um sistema que prefere ignorar a brutalidade de seus métodos. Tivane e Forquilha continuam a desafiar, lembrando que a democracia não é feita de discursos, mas de acções.
A grande ausência de hoje não é apenas a dos corpos de Elvino e Paulo, mas de uma coragem colectiva que parece rarear. Enquanto tivermos pessoas como Dinis Tivane e Albino Forquilha, ainda há esperança de que as ausências um dia se tornem presenças plenas, não de mártires, mas de cidadãos livres e vivos em uma verdadeira democracia. (Dedos D’eus)