INTEGRITY, MAPUTO, 25 DE JULHO DE 2025 – Nos Estados Unidos, por exemplo, os filhos do ex-presidente Donald Trump foram figuras centrais no seu governo e fora dele, não por conquistas próprias, mas pelas constantes polémicas, aparições públicas controversas e envolvimento em casos jurídicos. E se olharmos para o nosso próprio continente e em particular para Moçambique encontraremos exemplos semelhantes: filhos de ex-dirigentes que se notabilizaram não pelo mérito, mas por estarem no epicentro de negócios duvidosos, ostentação desmedida e desvios éticos, quando não criminais.
A este cenário, junta-se um dos exemplos mais gritantes de má conduta e abuso de poder: Teodorín Obiang, filho do Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema. Teodorín tem sido alvo de múltiplas investigações e processos judiciais internacionais por lavagem de dinheiro, aquisição ilícita de bens de luxo e enriquecimento à custa dos cofres públicos do seu país, um dos mais ricos em petróleo, mas paradoxalmente com níveis alarmantes de pobreza.
Com exceção honrosa do saudoso Samora Machel, cuja descendência se manteve relativamente discreta e respeitável, os filhos de muitos ex-estadistas moçambicanos também têm sido protagonistas de manchetes negativas, em vez de inspiração para a juventude.
É por isso que, ao oitavo mês de mandato do Presidente Daniel Chapo, vale a pena enaltecer um facto silencioso, mas poderoso: até aqui, os seus filhos são uma incógnita. Nunca os vimos em público, não circulam em colunas sociais, não se envolvem em negócios à sombra do poder nem aparecem a usar o nome do pai como escudo ou trampolim.
Este silêncio é nobre. Revela um nível de educação, recato e responsabilidade que, num contexto onde os filhos do poder muitas vezes se tornam símbolo de desgoverno, deve ser aplaudido. Eles estão onde devem estar na sombra da sua individualidade, longe do foco mediático e dos privilégios fáceis. E isso, nos tempos que correm, é motivo de orgulho para qualquer pai. Mais ainda para um presidente.
Esperamos, naturalmente, que esta postura se mantenha. Que os filhos do Presidente Chapo não sejam conhecidos pelo escândalo, mas pela discrição. Não pela arrogância, mas pela humildade. Não por abusarem do poder, mas por viverem como cidadãos comuns, guiados pelo mérito, respeito e ética.
Se assim continuarem, talvez estejamos finalmente diante de uma viragem no comportamento das famílias presidenciais em Moçambique. E que bom seria ver este exemplo contagiar os corredores do poder por toda a África. – ONÉLIO DUARTE






