A declaração foi feita ontem à noite, durante uma transmissão ao vivo na sua página do Facebook, após três dias de protestos em várias partes do país.
“Não vou tomar posse em 2025, em janeiro, quando estivermos a destruir tudo. Como é que chegarei ao local de tomada de posse? É para tomar posse no meio de escombros?”, questionou Mondlane, que contesta os resultados das eleições presidenciais proclamadas no dia 23 de Dezembro pelo Conselho Constitucional dando vitória ao partido Frelimo e ao seu candidato presidencial.
Mondlane apelou à contenção dos manifestantes e pediu que as acções se mantenham pacíficas e alinhadas ao objectivo de pressionar o governo a reconhecer a sua vitória eleitoral. “Não estamos aqui para destruir as lojas e empresas dos nossos vizinhos. Queremos uma mudança no país, mas sem atacar quem também está a sofrer”, afirmou.
O político ora em parte incerta, convocou os manifestantes a participarem hoje, às 13 horas, num acto simbólico de protesto, cantando o hino nacional por 15 minutos em todos os bairros e distritos do país. Este, enfatizou que essa será uma forma de demonstrar que os protestos não têm como objectivo o vandalismo.
Mondlane falou de novo também sobre os resultados eleitorais, que deram a vitória ao partido no poder com 65% dos votos. “Como é possível que a Frelimo, em meio à pobreza, corrupção e crises, consiga 65% dos votos? Isso não reflete a vontade do povo”, afirmou.
Embora defenda a continuidade das manifestações, o líder oposicionista pediu que sejam mantidas dentro dos limites legais e pacíficos. Apoia acções como bloqueios de estradas e exibição de cartazes, mas condena actos de violência e destruição.
“Queimar lojas e atacar bens alheios não faz parte dos nossos objectivos. Estamos aqui para pressionar o governo, não para destruir o que é nosso”, reiterou Mondlane.
As manifestações continuam, enquanto cresce a tensão no país, alimentada para além da “fraude eleitoral”, também o custo de vida e outras dificuldades diferenciadas que a população diz passar sob responsabilidade da Frelimo, partido que governa desde a independência. (Bendito Nascimento)