Cidadãos incendiaram viaturas e edifícios da polícia, agências bancárias, autocarros, sedes do partido FRELIMO, infra-estruturas de órgãos da justiça e de administrativos, até as portagens não ficaram de fora, foram ateadas a fogo enquanto alguns estabelecimentos comerciais eram saqueados.
Estas reacções surgem devido a não concordância com os resultados eleitorais anunciados na tarde desta segunda-feira (23 de Dezembro). Os manifestantes reivindicam a eleição de Venâncio Mondlane para presidir o país, acreditando que foi eleito, mas os resultados foram manipulados.
Lembrar que Venâncio Mondlane já havia alertado sobre a escalada de tensão caso o Conselho Constitucional proclame a vitória presidencial para um outro candidato, isto é, segundo ele disse “não repor a verdade eleitoral”.
Na capital do país, do outro lado da Baía de Maputo, foi possível ver nuvens de fumaça negra erguendo-se no céu devido aos incêndios que aconteciam um pouco por toda a cidade. Enquanto isso, blindados da polícia iam se posicionando em diferentes pontos e o helicóptero sobrevoava os bairros tidos como mais problemáticos.
Nos bairros da província de Maputo, com destaque para Patrice Lumumba e Trevo, na Matola, polícias e militares foram obrigados a retirarem os respectivos fardamentos por medo de linchamento. É que os manifestantes agrediram os homens da lei e ordem.
Não só a capital esteve agitada em vários bairros, em diferentes províncias, incendiaram pneus nas estradas impedindo a circulação de viaturas. Na cidade de Nampula, no bairro de Muatala, o mercado foi incendiado. Em alguns pontos enquanto populares queimavam o que viam pela frente a polícia respondia com balas verdadeiras.
Várias instituições privadas já haviam anunciado o encerramento das suas actividades por temerem o pior, devido a escalada de tensão que foi prevista, tendo em conta o desenrolar dos acontecimentos influenciado pelo pronunciamento do Conselho Constitucional.
Refira-se que a cidade acordou calma, com as instituições funcionando a meio gás sem circulação de transportes de passageiros logo pela manhã o que obrigou os cidadãos a percorrem longas distâncias caminhando para os seus postos de trabalho e residências. (Ekibal Seda)