Depois da contagem na assembleia de voto, o presidente da mesa preenche uma folha de resultados (edital) que é afixada na porta da assembleia de voto, e são entregues cópias aos delegados dos partidos. Se, à boa maneira moçambicana, os editais forem assinados e carimbados, têm valor legal em qualquer contestação judicial.
Para evitar isto, a Frelimo instruiu os presidentes das mesas de voto para não assinarem nem carimbarem os editais se a Frelimo estivesse a perder. Isto permitiria que um edital falso fosse escrito mais tarde e fosse assinado e carimbado.
Os observadores, em Alto Molócue, conseguiram recolher os editais verdadeiros em 51 das 62 mesas de voto, mas alguns tiveram de permanecer nas assembleias toda a noite para o fazer. Registaramse 16 assembleias de voto com contagens muito atrasadas, algumas das quais só colocaram os editais depois da meia-noite ou na manhã seguinte. Numa mesa de voto, na EPC Malua II, a votação terminou às 18.00 horas mas a contagem só começou três horas mais tarde. O edital só foi afixado à meia-noite. Em 13 assembleias de voto, os observadores não foram autorizados a assistir à contagem, mas ficaram do lado de fora e assistiram através de uma janela.
E houve confusão em relação aos cadernos de recenseamento. Mais uma vez, na EPC Malua II, dois cadernos tinham 800 eleitores cada, mas apenas 65 (8%) e 84 (11%) pessoas da lista votaram. Dois outros cadernos, nessa escola, tiveram uma afluência às urnas de 13% e 18%. Isto sugere que a maioria dos eleitores registados nessas assembleias de voto não eram reais. Isto pode reflectir relatos de que alguns cadernos foram indevidamente duplicados.
Uma elevada taxa de participação significa sempre a existência de filas de espera à hora oficial de encerramento, às 18h00, e a votação continua depois das 19h00. Mas, em Alto Molócue, apenas uma mesa de voto teve de permanecer aberta depois das 18h00. No entanto, a taxa de participação mais elevada foi de 89%, na EPC Murápue, o que é altamente improvável. O primeiro caderno na maioria das assembleias de voto, que era o que tinha membros da Frelimo e professores recenseados nas listas, teve uma participação de 80%, na EPC Sede, 75%, na EPC Malua II, 71% na EPC Mulutxasse e 70%, na EPC Pista Velha. Todos estes valores são altamente improváveis, o que sugere um extenso enchimento de urnas.
Três mesas de voto tinham mais pessoas a votar do que o número de eleitores recenseados.
Houve grandes problemas durante o recenseamento, com escolas como a EPC Pista Velha a inscreverem primeiro as listas da Frelimo e, passado um ou dois dias, quando chegou a vez dos apoiantes da Renamo, simplesmente desligaram o computador de recenseamento e disseram que não estava a funcionar. Muitos postos de recenseamento tinham filas enormes e as pessoas simplesmente desistiam. Também ficou claro que as listas da Frelimo continham vários milhares de pessoas de fora do município, mas que foram registadas no município para poderem votar na vila de Alto Molocue. Num relatório especial (Boletim 110, 4 de julho), estimámos que a Frelimo registou, pelo menos, 1.549 pessoas de fora do município, para que pudessem votar nas eleições. A Renamo estima que 5000 eleitores fantasmas tenham sido registados em Alto Molócue. No final do período
de recenseamento, os observadores constataram que era impossível verificar um terço dos cadernos. Os cartões de recenseamento não foram impressos e alguns potenciais eleitores tiveram de pagar 50 meticais (quase 1 dólar) para obter um cartão.
O resultado oficial deu à Frelimo uma vitória de 6625 votos, mas esse número pode ser composto por pessoas de fora, que encheram as urnas com votos das listas da Frelimo, e a diferença pode ser porque eleitores da Renamo não se puderam registar devido ao facto de a “máquina não estar a funcionar”. O caos, do princípio ao fim, torna o acto eleitoral em Alto Molócue totalmente corrupto e inaceitável. (CIP)
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