Uma missão do Fundo Monetário Internacional está em Moçambique desde 12 de Novembro para conduzir as Consultas sob o Artigo IV, em um momento em que o Governo admite a possibilidade de preparar o terreno para um possível novo programa com a instituição financeira internacional.
Governo assume missão como base para possível novo programa
Em representação do Executivo, a Ministra das Finanças, Carla Louveira, recebeu a delegação do FMI afirmando que esta missão constitui “uma ponte fundamental” para estabelecer as bases de negociação de um potencial programa futuro.
A governante reconheceu que a economia ainda está em trajectória de recuperação, com desafios relevantes, mas garantiu que o Governo está “firmemente comprometido” em trabalhar com a equipe do Fundo.
Reformas económicas e prioridades do executivo em destaque
Carla Louveira apresentou um conjunto de medidas em andamento, com foco na dinamização económica, melhoria do ambiente de negócios e promoção de iniciativas de financiamento. A ministra enfatizou avanços nos mecanismos de garantia para pequenas e médias empresas, iniciativas de apoio à agricultura e progressos na revitalização de projectos de energia no norte do país.
A governante sublinhou ainda a necessidade de reforçar a sustentabilidade fiscal, melhorar a gestão da dívida pública e criar espaço orçamental para acelerar as reformas estruturais.
FMI analisa sistema cambial, política monetária e sustentabilidade fiscal
A missão inclui uma avaliação técnica do sistema cambial e do enquadramento da política monetária, com particular atenção ao grau de compatibilidade com regras e melhores práticas internacionais.
As discussões também abrangem aspectos fiscais e macroeconómicos, incluindo pressões externas, equilíbrio das contas públicas e trajectória esperada da dívida.
FMI reconhece progressos, mas alerta para riscos relevantes
A equipe do FMI saudou os sinais positivos da economia nacional, nomeadamente a retomada gradual da actividade económica, a moderação da inflação e o reinício dos grandes projectos de gás liderado pela TotalEnergies e pela Eni.
O Fundo alertou, no entanto, que Moçambique continua exposto a desafios macroeconómicos significativos e precisa esclarecer a estratégia de resposta às pressões actuais, especialmente no plano cambial, fiscal e monetário.
Compromisso mútuo com transparência e consolidação fiscal
A Ministra das Finanças reafirmou a total disponibilidade do Governo para o trabalho conjunto durante a missão.
Por sua vez, o FMI reiterou o compromisso com a transparência, a consolidação fiscal e a implementação de medidas que reforcem a estabilidade e a confiança dos parceiros internacionais, sublinhando que esta visita será essencial para aprofundar o entendimento sobre a economia moçambicana e apoiar o Governo na definição de opções políticas que aumentem a resiliência económica.
A missão ocorre em um momento sensível para a economia moçambicana, marcado por sinais de recuperação, desafios estruturais persistentes e a necessidade de esclarecer a estratégia de médio prazo. Os resultados das consultas poderão influenciar decisivamente o desenho de um eventual novo programa com o FMI. (O. Económico)







