Concebido e financiado pelo Conecta Negócios, um projecto do Ministério das Finanças, com apoio do Banco Mundial, o Plano Director visa estruturar o desenvolvimento sustentável das ilhas e consolidá-las como zona de interesse turístico de referência nacional e internacional.
O projecto, que aguarda aprovação do Conselho de Ministros, com investimento que pode ascender a 50 milhões de dólares norte-americanos, representa um marco para o turismo em Nampula, ao alinhar preservação ambiental, investimento privado e integração comunitária.
De acordo com a Directora Provincial de Cultura e Turismo, Jamila Becá, em entrevista a AIM, o plano “foi elaborado com fundos do Banco Mundial, através da Conecta Negócios, e prevê uma estratégia de desenvolvimento turístico sustentável e inclusivo até 2050”.
Localizadas a cerca de 30 quilómetros da costa de Mossuril, as Ilhas Crusse e Jamal conhecidas como tesouro escondido, distinguem-se pelas águas cristalinas, recifes de coral e mangais intocados, oferecendo um cenário ideal para o turismo náutico, ecológico e cultural.
“São áreas virgens, com potencial extraordinário e já declaradas zonas de interesse turístico pelo Conselho de Ministros”, sublinha Jamila Becá.
O Plano Director, conhecido como Master Plan Crusse Jamal, delineia uma visão ambiciosa, designadamente a construção de 5 mil quartos, resorts ecológicos, lodges sustentáveis, marinas e infraestruturas para o turismo de golfe e de mergulho, num horizonte de 20 anos de implementação.
“A meta é clara, até 2050, transformar Crusse e Jamal num destino turístico sustentável de referência mundial”, vincou.
Além da componente infraestrutural, o plano coloca as comunidades locais no centro do desenvolvimento. Prevê a criação de mil postos de trabalho directos e a formação de micro e pequenas empresas comunitárias, integradas na cadeia de valor do turismo.
“A comunidade será a protagonista. Vai participar na implementação, prestar serviços e gerir infraestruturas, como lojas e centros de alojamento comunitário”, destaca a Directora.
A Conecta Negócios, parceira estratégica do sector, tem desempenhado um papel decisivo não apenas no financiamento do plano, mas também na capacitação de operadores turísticos, artesãos e empreendedores locais, preparando-os para tirar proveito das novas oportunidades económicas.
Jamila Becá enfatiza que o projecto é também uma resposta à necessidade de diversificação económica da província, que conta com mais de 700 empreendimentos turísticos e gera cerca de 4,5% das receitas provinciais. “Depois dos ciclones e da pandemia, o turismo em Nampula está recuperando gradualmente, com cerca de cinco mil turistas anuais nos principais empreendimentos e uma forte aposta na promoção de destinos costeiros e culturais”, explicou.
O Administrador de Mossuril, Élio Rareque, por sua vez, reforça o entusiasmo local. “Temos praias lindíssimas, florestas de mangais, tartarugas e baleias. Mossuril é turismo e cultura. A Rampa dos Escravos, a Primeira Igreja e o Festival do Sal são parte da nossa identidade”, afirmou, sublinhando o empenho do distrito em posicionar-se como destino histórico e ecológico.
Recentemente, Mossuril recebeu mais de 50 turistas italianos e prepara o lançamento do seu website turístico, em parceria com uma empresa italiana.
O Festival do Sal, a realizar-se no próximo mês, é outro exemplo de integração entre cultura e turismo, promovendo um dos produtos mais emblemáticos do distrito. “Queremos transformar o sal numa marca de Mossuril e abrir mercados internacionais para os nossos produtores”, declarou o administrador.
O Plano Director Crusse e Jamal, ao articular investimento estrangeiro, inovação e sustentabilidade, simboliza uma nova fase para o turismo moçambicano. Segundo Jamila Becá, a visão é que este masterplan sirva de modelo para outros destinos do país, promovendo o turismo sustentável e valorizando o potencial natural e cultural de Moçambique. (Paulino Checo – AIM)

