A sua justificação é que se trata de dois cenários diferentes, tanto que o terrorismo existe há oito anos, por isso devia ter sido prioridade no diálogo com os terroristas antes da confusão depois das eleições, vistos como um dos principais motivos do estabelecimento do diálogo nacional inclusivo.
Um dos activistas é Abudo Gafur Manana, da associação Kwendeleya que alerta que em face da crise de Cabo Delgado “Não se pode maquiar um conflito com diálogo vazio”.
O defensor dos direitos humanos, defende uma abordagem firme e estruturada para combater insurgência no Norte de Moçambique e critica tentativas de diálogo com grupos não identificados até ao momento.
O analista afirmou que “não se pode e não se deve misturar os assuntos”, referindo-se à tentativa de incluir os insurgentes num eventual processo de diálogo sem que haja clareza sobre sua liderança ou reivindicações.
Segundo Abdul Gafur Manana, a gravidade da situação exige determinação e responsabilização, daí que “é preciso perseguir até ao último homem e responsabilizar pelos danos causados, como retrocessos na economia, perda de vidas humanas e violações brutais dos direitos humanos”.
A insurgência em Cabo Delgado, associada a grupos que se apresentam sob a bandeira do autoproclamado Estado Islâmico, tem deslocado milhares de pessoas desde 2017 e causado enormes estragos sociais e económicos.
O líder da Kwendeleya considera “extremamente preocupante” qualquer tentativa de abordar este conflito com superficialidade “Não se pode maquiar este assunto a ponto de convidar um inimigo invisível para dialogar”, criticou.
Além disso, aponta falhas na estruturação do actual processo de diálogo nacional, sublinhando a omissão de figuras-chave da política nacional, como Venâncio Mondlane, fundador de um novo partido político, que, segundo o analista, teve um papel central nas manifestações que paralisaram o país entre Outubro e Março.
“É por aí que o diálogo devia começar”, defende, acrescentando que ignorar este factor é ignorar a raiz de muitas das tensões internas recentes.
Sobre o grupo insurgente, o analista é categórico que “Não vejo que seja uma estratégia viável tentar criar uma linha de diálogo com quem não apresenta um caderno reivindicativo, muito menos se conhece a liderança principal que permita uma comunicação”.
Por isso apelou “É preciso foco. Resolver um problema de cada vez, com consensos internos, e depois enfrentar o conflito armado com estratégias concretas de guerra, incluindo apoio humanitário para proteger as populações”.
Tal como Abdul Gafur Manana, fora de Cabo Delgado, os moçambicanos reagiram o anúncio do governador Valige Tauabo afirmando que se for o caso, então está mais uma vez claro que se conhece os líderes do terrorismo naquela província de gás natural.
Lembrar que na sua recente visita ao distrito de Mocímboa da praia, Valige Tauabo escalou a sede da localidade Quelimane, onde em contacto com a população, disse que mesmo os terroristas podem apresentar as suas reivindicações para serem incluídos no Diálogo Nacional Inclusivo cuja auscultação decorre a escala nacional. (Mussa Yussuf)






