A vandalização e o roubo de materiais das infraestruturas públicas estão causando prejuízos milionários em Moçambique, comprometendo investimentos estratégicos, atrasando a expansão de serviços essenciais e afectando directamente a vida dos cidadãos.
A Electricidade de Moçambique (EDM) contabilizou, nos últimos quatro anos, perdas superiores a 300 milhões de meticais devido ao furto de cabos, transformadores e outros equipamentos eléctricos. Recursos que poderiam ter sido aplicados na expansão da rede e na melhoria dos serviços, aproximando o país da meta de universalizar o acesso à energia até 2030, foram desviados para reparar danos provocados por criminosos.
O roubo de cobre, cujo comércio clandestino cresce nacional e regionalmente, é apontado como o principal motor desta prática. Só a EDM já identificou 318 sucatarias ilegais no país que compram o material para posterior exportação. “Não faz sentido Moçambique, que não é produtor de cobre, exportar abundantemente deste metal. Isso mostra a dimensão do problema”, alertou Salmata Insa, chefe do departamento de Prevenção e Combate à Vandalização da empresa.
O sector ferroviário também sofre graves consequências. A Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) estima que só este ano perdeu cinco milhões de meticais em materiais furtados, como travessas metálicas e carris. Mas os impactos reais vão muito além: paralisações de comboios e descarrilamentos provocados por vandalismo podem gerar custos que rondam 2 milhões de dólares (cerca de 128 milhões de meticais).
Na área das telecomunicações, a Tmcel reporta roubos diários de cabos e baterias, afectando directamente a qualidade da rede móvel e fixa. “Quando alguém corta um cabo de fibra óptica, não se trata apenas do custo do material, mas da interrupção das comunicações e dos enormes prejuízos para a sociedade”, disse Manuel Mabunda, representante da operadora, defendendo a criminalização mais severa destas práticas.
As empresas consideram que o quadro legal actual é permissivo, uma vez que os infractores, quando detidos, são muitas vezes libertos pouco depois. Como exemplo, apontam o caso de um homem condenado a 40 anos de prisão na vizinha Tanzânia por vandalizar uma infraestrutura, contraste gritante com a realidade moçambicana.
No fórum realizado esta Quinta-feira, representantes de empresas públicas, privadas e do sector da justiça defenderam penas mais duras e uma acção conjunta regional para travar o comércio ilegal de cobre e a destruição de infraestruturas.
No centro do debate está o impacto directo da vandalização: milhões de meticais desperdiçados, atraso na expansão de serviços básicos e aumento dos riscos para a economia e segurança dos cidadãos. (Nando Mabica)







