O ouro de Manica: A riqueza que destruiu rios e ameaça à saúde pública

INTEGRITY-MOÇAMBIQUE, 11 de Setembro de 2025-Centena de garimpeiros ilegais estão directamente a farejar o ouro nos leitos dos rios usando mercúrio, um produto altamente letal para a vida humana e faunística no distrito de Manica, província com o mesmo nome na região centro de Moçambique.

O ouro é extraído ilegalmente em áreas concessionadas a empresas mineiras nas regiões de Mukurumadzi e Penhalonga no posto administrativo de Machipanda locais com cursos de água braços do rio Révuè que nesses últimos dias apresenta-se altamente poluído devido à exploração desenfreada daquele recurso natural.

Na prática tida como ma para o meio-ambiente acontece em um momento em que o governo esgota ideias de como parar com o fenómeno, com as mineradoras e licenciadas para actividade sendo sacrificadas.

Leonardo Beissicopo, um dos garimpeiros ilegais encontrado a farejar o ouro directamente em águas dos rios, disse que tem usado vários tipos de máquinas para extracção.

“Depois de fazermos a escavação levamos a terra abundantemente e colocamos em uma máquina da espécie moagem para depois polirmos em água corrente usando mercúrio, depois de encontramos o ouro levamos ao mercado e vendemos. Usamos os valores para pagar o aluguer das máquinas e o remanescente usamos para satisfazer as nossas necessidades”, explicou Leonardo numa clara alusão de que o ouro extraído ilegalmente cai sempre no mercado negro acarretando vários prejuízos aos cofres do estado.

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Veloso Elias Mário Tomo, outro garimpeiro minimizou a situação afirmando que só usam o mercúrio para conseguirem obter o ouro, tendo dito que ˝apesar de farejarmos no leito dos rios usamos uma bacia que não é nociva à saúde animal, diferentemente dos chineses que utilizam o cianeto que é um produto químico que é altamente perigoso para o homem e se tocares danifica a pele e esse produto todo também cai na água”, rebateu a fonte.

João Lavumo que também desempenha a actividade de mineração de forma ilegal disse que ˝estou reciclando a terra deixada pelas empresas de mineração uma vez que a actividade já está sendo proibida e lavo a mesmo no leito do rio usando mercúrio porque sem ele é difícil farejar o ouro confessou.

Quem está há menos tempo na actividade é Paulino António que disse usa uma marreta para fazer a escavação e sempre o processo e mesmo lavar a terra no rio.

Mateus Francisco Lanha, um dos garimpeiros, disse ter fé que a pratica esta sendo nociva à saúde, mas pede ao governo para encontrar uma saída para eles conseguirem algum para sustentar suas famílias.

Sobre a exploração desenfreada de ouro e consequente poluição dos rios Revue e Messica no distrito de Manica vai circulando em redes sociais mensagens de alguns peritos com seguinte teor, “mas uma vez não consuma água da FIPAG, estou com meus colegas do laboratório e estamos vendo que o nível de mercúrio está 4x acima do recomendado, isto é, já é um veneno literalmente. Na escala de 0,1 a 0,4 níveis de mercúrio, a água do FIPAG estão no nível 0,4 que é máximo. Fora de que a água da barragem de Chicamba está muito suja e quando adicionada ao cloro para purificar acaba criando outro composto químico nocivo à saúde fora do mercúrio. Não bebam e nem cozinhem com água do FIPAG, por favor”.

Aliada a mensagem acima, a governadora de Manica vai palmilhando pelo distrito de Manica adentro, onde visitou a albufeira de Chicamba cujas águas apresentam alto teor turvo devido à mineração, consubstanciado ao uso de produtos químicos, a montante, durante a lavagem do minério.

E no primeiro encontro com os líderes comunitários anunciou uma série de medidas do Governo, uma das quais a suspensão temporária nos próximos dias da mineração semi-industrial e artesanal, até que a água na bacia de Chicamba e dos rios voltem à normalidade. Para que os mineradores não sejam encontrados despreparados, haverá um encontro de conscientização para anunciar a medida e o respectivo período de suspensão temporária.

O mais agravante da actividade de garimpo é a poluição da albufeira de Chicamba, principal fonte de produção de energia e abastecimento de água para as cidades de Manica e Chimoio, bem como as vilas de Gondola e Messica, constituindo um atentado à saúde pública. (Pedro Tawanda, em Manica)

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