Em sua primeira declaração pública desde o ataque, Amaral fez críticas ao estado da democracia em Moçambique, que, segundo ele, continua a ser um ideal distante.
Ainda visivelmente abalado e emocionalmente fragilizado, Amaral relatou viver sob constante medo e insegurança. “A democracia continua longe para Moçambique”, afirmou, sublinhando que as perseguições sistemáticas contra membros da oposição estão transformando o ambiente político num verdadeiro campo de intimidação.
O atentado ocorreu na província da Zambézia, quando Amaral se deslocava num serviço de bicicleta táxi, tendo sido alvejado e socorrido por populares em pleno Domingo de Ramos. O crime chocou a sociedade civil e gerou indignação entre activistas e políticos, que veem neste episódio mais um reflexo da crescente intolerância política no país.
Ainda durante o seu internamento, Amaral revelou que indivíduos desconhecidos tentaram aproximar-se alegando ser seus familiares, num comportamento suspeito que somente agravou a sua sensação de vulnerabilidade. “Nem no hospital me senti seguro”, lamentou, acrescentando que continua a evitar circular livremente pela cidade de Quelimane.
Este atentado não é um caso isolado. Ele se insere numa sequência de acções que visam silenciar vozes dissidentes e reforça as denúncias de que o espaço democrático moçambicano está encolhendo perigosamente. A falta de responsabilização dos autores de crimes políticos somente alimenta a impunidade e lança dúvidas sobre o compromisso real do Estado com a protecção dos direitos humanos e das liberdades civis.
Enquanto o país insiste em se apresentar como uma democracia funcional, casos como o de Joel Amaral mostram que, para muitos, a democracia ainda é somente uma promessa não cumprida. (Nando Mabica)
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