Em comunicado público, o Gabinete do Presidente do Povo, não poupou palavras, descrevendo o PODEMOS como um partido que “não vale o papel que assinou”. Portanto, vindo a efectivar o que já se esperava desde o dia que os deputados do PODEMOS tomar posse na X Legislatura da Assembleia da República em número não considerado “justo”.
Segundo o gabinete de Mondlane, o rompimento foi motivado pelo incumprimento do Acordo Coligatário assinado a 21 de Agosto de 2024, em Manhiça, e pela postura oportunista do PODEMOS.
O comunicado denúncia que o partido teria participado de um “suposto diálogo” sem agenda clara, cujo único propósito seria garantir privilégios para as elites políticas.
“Nem tudo na vida é dinheiro e posições…”, sublinha a carta assinada por Dinis Tivane, figura muito próxima de Mondlane numa das passagens mais marcantes do comunicado, acrescentando que o “Presidente do Povo” não está disposto a compactuar com práticas que vão contra os princípios que sustentam a sua luta política.
O Gabinete acusa ainda o PODEMOS de beneficiar-se de somas avultadas de dinheiro e de viaturas de luxo oferecidas a membros da sua direcção. Para Mondlane, essas práticas representam uma clara traição ao sofrimento de milhares de moçambicanos que pagaram com sangue, prisões, mutilações e execuções sumárias na luta por justiça e liberdade.
“Há muita gente que levamos a essa causa, que morreu, injustamente presa, que perdeu emprego e património, que ficou sem meios de sobrevivência, que vive fugindo para parte incerta, que está ferida com sequelas vitalícias, sem se esquecer dos inúmeros sacrifícios consentidos por milhares de anónimos espalhados pelo país e na diáspora”, se assinala no comunicado.
Além das acusações de corrupção, o Presidente do Povo denuncia a falsificação de um acordo apresentado pelo PODEMOS, que teria proposto uma percentagem de apenas 5% de representação, algo considerado inaceitável por Mondlane e seus apoiantes. Após várias tentativas de diálogo que terminaram sem sucesso, o movimento decidiu pôr fim à relação.
Fim da parceria e orientações futuras, o comunicado sublinha que o Presidente do Povo já está instruindo as suas delegações, nacional e internacionalmente, para adequarem-se à nova orientação política, abandonando qualquer forma de colaboração com o PODEMOS.
Esta ruptura marca mais uma dissolução de Mondlane com um partido (mesmo não sendo membro) em menos de dois anos. E o PODEMOS tem agora o desafio de conseguir angariar simpatias que o tiraram do anonimato para a ribalta em uma eleição que se beneficiou, em muito, do eleitorado de Venâncio Mondlane.
Contudo, é possível que nos próximos dias se assista à criação de um novo partido por Mondlane, já que tem cogitado tal possibilidade de modo a concorrer nas próximas eleições gerais. E poderá se antever um sucumbir do PODEMOS nas mesmas eleições caso o eleitorado que o levou a casa do povo, o abandone. (Bendito Nascimento)