Em entrevista concedida à Integrity Magazine News, Gimo Mendes aborda questões cruciais sobre a função social e política da arte, destacando a falta de coesão entre os músicos moçambicanos. Mendes defende que a música, assim como outras formas de expressão artística, deve ir além do entretenimento, tornando-se um instrumento de transformação social e de promoção de valores como a paz e a unidade nacional.
O músico também enfatiza a importância de parcerias entre artistas locais e internacionais como uma maneira de transcender barreiras culturais e contribuir para questões globais, como a pacificação e a coesão social.
Contudo, Mendes não poupa críticas à Associação Moçambicana de Músicos e a artistas de renome, como Stewart Sukuma, apontando falhas de liderança, organização e compromisso no sector. Essas críticas, embora incisivas, são complementadas pelo reconhecimento de esforços individuais, como os de José Mucavele e do próprio Sukuma, que, segundo Gimo, representam avanços importantes, mas ainda insuficientes para promover mudanças estruturais significativas.
A visão de Gimo Mendes reflecte um chamado urgente para os artistas assumirem um papel mais activo em causas colectivas, fortalecendo o impacto social da arte. O artista sugere que, em tempos de crise, a cultura consegue se tornar uma força unificadora e transformadora, capaz de inspirar solidariedade e justiça social.
Ao revisitar essas reflexões, o depoimento do músico ressalta a relevância do jornalismo cultural, que vai além do registo de factos, para promover discussões profundas sobre a arte como motor de mudança em sociedades desafiadas por desigualdades e conflitos. (Nando Mabica)