A função social e política da arte: Reflexões de Gimo Mendes sobre a música moçambicana

INTEGRITY-MOÇAMBIQUE, 23 de Janeiro de 2025-O depoimento de Gimo Mendes é um convite à reflexão sobre o papel da arte em contextos de crise, especialmente em Moçambique. Músico, compositor e figura central na música moçambicana como membro fundador dos Eyuphuru, Gimo reside na Dinamarca há mais de três décadas, onde lecciona na Aarhus Music School, uma das mais antigas escolas de música da Europa. Sua trajectória internacional confere uma perspectiva crítica e abrangente às suas observações sobre o cenário artístico de seu país natal.

Em entrevista concedida à Integrity Magazine News, Gimo Mendes aborda questões cruciais sobre a função social e política da arte, destacando a falta de coesão entre os músicos moçambicanos. Mendes defende que a música, assim como outras formas de expressão artística, deve ir além do entretenimento, tornando-se um instrumento de transformação social e de promoção de valores como a paz e a unidade nacional.

O músico também enfatiza a importância de parcerias entre artistas locais e internacionais como uma maneira de transcender barreiras culturais e contribuir para questões globais, como a pacificação e a coesão social.

Contudo, Mendes não poupa críticas à Associação Moçambicana de Músicos e a artistas de renome, como Stewart Sukuma, apontando falhas de liderança, organização e compromisso no sector. Essas críticas, embora incisivas, são complementadas pelo reconhecimento de esforços individuais, como os de José Mucavele e do próprio Sukuma, que, segundo Gimo, representam avanços importantes, mas ainda insuficientes para promover mudanças estruturais significativas.

A visão de Gimo Mendes reflecte um chamado urgente para os artistas assumirem um papel mais activo em causas colectivas, fortalecendo o impacto social da arte. O artista sugere que, em tempos de crise, a cultura consegue se tornar uma força unificadora e transformadora, capaz de inspirar solidariedade e justiça social.

Ao revisitar essas reflexões, o depoimento do músico ressalta a relevância do jornalismo cultural, que vai além do registo de factos, para promover discussões profundas sobre a arte como motor de mudança em sociedades desafiadas por desigualdades e conflitos. (Nando Mabica)

 

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