No seu estilo característico de sempre que consiste em movimentar os números e sem apresentar reais fundamentos legais e com argumentos que se supõem jurídicos, a Professora Doutora Lúcia Ribeiro sentenciou a vitória contestada da Frelimo que saiu dos tranquilos 195 assentos parlamentares anteriormente atribuídos pelo consórcio CNE/STAE para 171 assentos, o PODEMOS passou a contar com 43 assentos, RENAMO com 28 e MDM terá oito deputados.
Em relação as eleições provinciais, a Frelimo ficou com todas as províncias, havendo uma permuta nas posições de quem será a segunda maior força política no País, a explicação sobre a movimentação dos números altamente empolados não convenceu aos cidadãos, deixando para trás um mar de questões e problemas que já estão a ser vivenciados em vários cantos do País.
O acórdão lido pela Presidente do CC confirma definitivamente que em Moçambique roubar e fazer mal a inocentes compensa. Não se entende se as leis que desvalorizam as discrepâncias, fraudes, roubos de votos e tantas outras coisas que marcaram o tumultuoso processo eleitoral estão registadas em algum sítio ou são coisas da cabeça dos Juízes Conselheiros do CC.
Contudo, a forma como as coisas foram feitas demonstra que a Lei em Moçambique só funciona para uns e para outros não. E com a leitura do acórdão, o pessoal da CNE, liderado por Dom Carlos Matsinhe não será tocado e muito menos notificado por qualquer Instituição Judicial, uma vez que a missão já foi cumprida que era de garantir a vitória da Frelimo e do seu candidato Daniel Chapo a qualquer custo.
O facto é que o CC, a CNE, STAE, a PRM, a Frelimo e algumas pessoas com “formação superior” e sedentos de poder, cargos e mordomias estão a embrutecer a sociedade e a preparar uma geração de suicidas que nos próximos tempos poderão elevar o tom das suas contestações com práticas do estilo “Assalto a Londres” de Gerard Butler. Precisamos de encontrar pessoas que gerem as Instituições sensíveis do Estado como o CC que não tenham nenhuma ligação com qualquer dirigente do partido no poder e muito menos tenha exercido uma função político-partidária, porque só desta forma é que começaremos a reconstruir a confiança que se perdeu na totalidade com as Instituições nacionais, uma vez que os crimes públicos praticados durante as eleições não influenciam “significativamente nos resultados finais”, conforme disse a Presidente do CC durante a cerimónia de proclamação dos resultados eleitorais.
Infelizmente estas eleições serviram para aumentar mais as nossas diferenças e derrubar todos os princípios de respeito pela vida e o bem-comum. Reactivaram questões como o tribalismo, regionalismo e o pior é que transformaram Moçambique num campo fértil para treinamento e recrutamento de “possíveis terroristas e grandes assassinos do futuro”, por isso, desta forma não teremos como resolver estes problemas com este tipo de governação excludente que valoriza mais os lambe-botas, incompetentes, amiguismo, clientelismo, assassinatos, raptos, ignorância e a militância partidária para crescer na vida.
Estes problemas chancelados pelas “mãos leves” dos Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional (CC) poderão agravar nos próximos tempos, porque como sempre defendemos, enquanto pessoas com ligações umbilicais estiverem por frente de processos complexos como estes, a inteligência de milhares de moçambicanos não terá nenhum sentido, porque pessoas que alcançaram os doutoramentos subornando supervisores facilmente podem inverter toda lógica jurídica, social e política e chancelar seus interesses, familiares e de amigos.
O País está a ser destruído simplesmente porque estamos unidos em associações de predadores e a todo custo querem manter seus impérios construídos com base em roubos e mentiras. Os Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional tinham tudo para salvar a pátria, mas a “mão leve” contou mais do que as mais de 140 vidas já perdidas e irão se perder ainda mais, uma vez que desta vez, não é Mariano Nhongo e muito menos Afonso Dhlakama que estão a contestar os resultados, são cidadãos moçambicanos de quase todo o País, onde mesmo a voz de Venâncio Mondlane já não terá qualquer impacto sobre os manifestantes porque estes o acusarão imediatamente de ter sido comprado pelo regime – E como ficamos depois disso?
Em nome de Moçambique e dos verdadeiros moçambicanos a saída que tínhamos, senhores “juízes conselheiros” era de anular as eleições para que compuséssemos a nossa sanidade mental, social, política, económica e cultural, mas não, optaram pelo caminho mais fácil da “mão leve” e em 24 horas após a proclamação dos resultados eleitorais o retrato e a radiografia que se tem do País é tenebrosa! (Omardine Omar)