Em Inhassoro e Govuro está instalado um braço de ferro entre a empresa que explora gás natural, o governo e residentes locais. Estes exigem da empresa e do governo oportunidades de empregos como forma de compensação de exploração de gás, uma situação que já tem barba branca sem solução à vista pelos moradores da terra onde tem o recurso.
O braço de ferro nestes dois distritos vem desde há muito tempo onde os moradores dizem que a multinacional sul-africana SASOL contrata pessoas estrangeiras e exclui os nativos.
Factos históricos de contestações foram registados nos anos de 2019 e 2021 no mandato do presidente, Filipe Nyusi, com promessas de solucionar o problema.
Um caso mais recente que coincide com o tempo de crise pós-eleitoral, um grupo de moradores foi incendiar um posto policial em Mangungumete no distrito de Inhassoro, casa do secretário da Frelimo e um agente da polícia espancado e arrancado, uma arma AKM 47.
Para acabar com tantos outros problemas nesta região, António Zacarias, diz que a melhor forma de resolver a SASOL deve financiar os projectos de negócios de jovens e a própria comunidade ser beneficiada do próprio recurso explorado lá.
“É preciso compreender que a energia de gás natural tem beneficiado um número reduzido de residentes. As pessoas precisam de energia nas suas moageiras, nas suas bombas para irrigar as suas machambas e ou mesmo nas suas casas, mas não é isso que está a acontecer por isso muitos estão descontentes, o que acontece é que os jovens são necessários em períodos eleitorais depois são descartados, veja só a SASOL só contrata dez jovens por ano o que entristece esta camada “, diz António Zacarias.
A outra sugestão colocada por António Zacarias é a criação de pacotes razoáveis de financiamento de projectos e empregos aos jovens.
“É preciso que se estude uma outra forma de empregabilidade de jovens através de criação de projectos de negócios para não depender só da própria indústria petroquímica, porque ficou provado que a SASOL não consegue absorver todos na mega projecto”, defende.
E por o país estar mergulhado numa crise pós-eleitoral por conta das manifestações convocadas pelo candidato à presidência Venâncio Mondlane, António Zacarias, não descarta a possibilidade de um dia os manifestantes escalem onde é explorado o gás.
“E imprevisível, nem se quer sabíamos que dia teríamos o encerramento de aeroportos, transportes públicos, sedes dos comités do partido Frelimo. Eu não sei ao certo onde isto pode parar, mas quero acreditar que qualquer outra acção um pouco mais esta o pior pode acontecer na empresa”, concluiu, António Zacarias. (Armindo Vilanculos, em Inhambane)