O ambiente, inicialmente marcado pela dor da despedida, transformou-se em um tumulto após agentes da UIR, supostamente reagindo a um incidente envolvendo o bloqueio da estrada e a queima de um dos camiões que fazia o bloqueio, dispararem balas reais contra a multidão.
O saldo é de pelo menos dois mortos, Xadreque e Puko, e mais de 11 feridos graves, alguns dos quais precisaram ser socorridos em condições precárias e encaminhados para a vizinha África do Sul, pois não havia condições para serem tratados localmente.
Testemunhas relatam que, após o esgotamento do gás lacrimogéneo, a UIR passou a disparar deliberadamente. Mesmo agentes da Polícia de Protecção (PP), presentes no local para auxiliar os feridos, tiveram dificuldades em conter a acção dos colegas da UIR. Um dos agentes, identificado como, que tentava prestar socorro, recebeu uma porrada de outro agente da UIR por simplesmente ajudar os feridos.
A revolta da comunidade, já abalada pela morte de Mano Shottas, aumentou. Manifestações espontâneas e gritos de “justiça” ecoaram pelas ruas de Ressano Garcia, exigindo respostas das autoridades, que até o momento permanecem em silêncio.
Mano Shottas, conhecido por documentar abusos policiais, foi morto enquanto filmava em directo uma acção da UIR na última quinta-feira. Sua morte, assim como os eventos trágicos de seu funeral, acumulam a galeria da brutalidade policial. (Bendito Nascimento)