No entanto, o grupo cotado na Bolsa de Valores de Joanesburgo (JSE) reiterou mais uma vez a sua posição de que a quantidade de gás que pode fornecer aos clientes industriais diminuirá de acordo com o esgotamento das reservas e só poderá ser substituída pela importação de gás natural liquefeito (GNL) mais caro.
O fornecimento de gás do sul de Moçambique às instalações da Sasol em Sasolburg e Secunda (África do Sul) continuará até meados da década de 2030, embora o grupo tenha indicado anteriormente que não era comercialmente viável que estas fossem convertidas para GNL.
O Director executivo da Sasol, Simon Baloyi, disse, numa entrevista, que a extensão do fornecimento tinha sido possível graças ao seu recente sucesso na obtenção de gás a partir de poços de enchimento, e informou que estavam em curso trabalhos adicionais para potencialmente estender ainda mais esse fornecimento.
Os volumes de gás em Moçambique aumentaram 6% para 120,8 mil milhões de pés cúbicos até 30 de junho deste ano, em grande parte devido ao fluxo antecipado de gás da instalação inicial.
“O progresso do Acordo de Partilha de Produção (PSA) permitir-nos-á continuar a fornecer gás natural e rico em metano aos clientes até ao final do ano financeiro de 2027”, disse o responsável aos accionistas durante uma apresentação de resultados.
O vice-presidente executivo de marketing e vendas da petrolífera, Christian Herrmann, informou haver potencial para prolongar o fornecimento de gás até meados de 2028, mas que não tinha sido tomada qualquer decisão de investimento em relação a esses projectos de prolongamento, que comportam riscos.
A fonte indicou que uma decisão final de investimento poderá ser tomada durante o primeiro semestre de 2025, mas os projectos foram concebidos apenas para “servir de ponte” para as importações de GNL e para proporcionar tempo e espaço para a construção de infra-estruturas de GNL, que deverá demorar três a quatro anos.
Simon Baloyi disse à Mining Weekly que a Sasol esteve também em discussões activas com os seus mais de 300 clientes industriais para sustentar a procura necessária para a construção de um terminal de importação de GNL em Maputo.
O órgão conta que o director-executivo da petrolífera prevê a utilização das infra-estruturas existentes para misturar as importações de GNL com o gás nacional para garantir um fornecimento consistente até que este esteja totalmente esgotado.
A transição terá implicações significativas em termos de preços para os utilizadores, com Simon Baloyi a estimar o preço do GNL três a cinco vezes superior ao actual preço regulado do gás na África do Sul.
O responsável indicou que a Sasol está interessada em actuar como um agregador de mercado e expressou optimismo de que os seus planos poderão complementar os que estão a ser avançados pelos membros da Associação de Utilizadores Industriais de Gás da África Austral, que anunciou planos para uma empresa agregadora de gás no valor de 35,5 mil milhões de meticais (10 mil milhões de rands) por ano.
“Um factor crítico para permitir o fornecimento de GNL é assegurar a confirmação da procura, que irá apoiar o desenvolvimento de um terminal de GNL e das infra-estruturas associadas”, acrescentou Simon Baloyi. (DE)