O responsável falava na 10.ª edição da Conferência e Exposição de Mineração e Energia de Moçambique (MMEC, sigla em inglês), que decorre em Maputo, no painel intitulado “Desbloquear o Potencial de GNL de Moçambique: Promover o Investimento Óptimo em Toda a Cadeia de Valor do Gás”.
“O nosso parceiro, Eni já está a considerar uma segunda plataforma. E a mesma terá uma quantidade um pouco maior em relação à primeira. Estamos a dizer com isto que entre 2028 e 2030, Moçambique terá uma produção de cerca de 30 milhões de toneladas de GNL por ano”, fez saber Pascoal Mocumbi, destacando: “com a quantidade de gás que temos na Bacia do Rovuma, podemos considerar que até 2040 teremos uma produção de 50 milhões de toneladas”.
O responsável explicou que aquela é uma forma de provocação aos parceiros e operadores que se encontram Moçambique para dinamizarem as actividades petrolíferas.
“Temos de aproveitar estes projectos para industrializar o nosso País, incrementando as exportações. Temos um gás com uma qualidade superior à de alguns dos nossos concorrentes, pois o nosso é seco, o que nos permite produzir a um custo menos elevado do que outras organizações”.
Pascoal Mocumbi – administrador Comercial e de Novos Negócios na Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH).
A fonte acrescentou que a outra vantagem competitiva no negócio do gás é a localização do País. “Estamos localizados numa posição central em relação aos mercados principais (asiático e europeu). E já estamos a observar, na realidade, esta vantagem competitiva”, assegurou, explicando que “o comprador de gás para o projecto Coral Sul – o primeiro de produção de GNL em Moçambique -, quando tem de decidir para que ponto do mundo levar o produto, o único elemento de decisão é o preço, porque a distância dos dois mercados é interessante. Então, isso dá uma flexibilidade adicional ao comprador”.
Na mesma ocasião, Pascoal Mocumbi falou do projecto Mozambique LNG, sobre o qual explicou ter sido aprovado em 2019. “Infelizmente, em 2021, depois de ter sido iniciada a construção, o projecto parou. Se não tivesse sido interrompido, hoje já teríamos pelo menos o primeiro comboio de GNL em produção e os primeiros navios a serem transportados para o mercado internacional”.
Produção do metanol
Ainda na sua intervenção, o responsável pela área Comercial e de Novos Negócios da ENH falou do desenvolvimento de pesquisas para a produção do metanol, na província nortenha de Cabo Delgado.“A ENH terminou recentemente um estudo de viabilidade para a produção do metanol. Estamos a olhar para uma capacidade de produção de cerca de três mil toneladas por ano a serem realizadas em Afungi”, garantiu.
“Sabemos que o projecto de Pande-Temane, na província de Inhambane, que começou a produzir há 20 anos, já está numa fase de baixa dos volumes, ou seja, há redução dos reservatórios, o que significa que este gás vai terminar. Assim sendo, é preciso encontrar uma alternativa para continuar a fornecer o produto para as centrais existentes neste momento”, disse, apontando que foi considerado o terminal da Matola como solução, pois já está muito avançado, contando com um desenho e uma concessão alocada pelo Governo.
“Cremos que este terminal poderá, numa primeira fase, trazer GNL e poderá fornecer não só ao mercado moçambicano mas também ao mercado imediato, que é o sul-africano. Olhamos para África do Sul com muita atenção, pois contamos com a Sasol [petrolífera sul-africana] para vendermos as nossas soluções energéticas. Temos também o mercado regional (África Austral)”, concluiu. (DE)