“Meu pai partiu. E, como qualquer ser humano, ele é finito”, escreveu a filha, acrescentando palavras que revelam a complexidade de uma figura marcada por luzes e sombras. A causa da morte não foi divulgada pela família.
Conhecido como o “Rei do Bolero”, Lindomar Castilho construiu uma carreira de grande popularidade, sobretudo nas décadas de 1960 e 1970, tornando-se uma das vozes mais marcantes da música brega e romântica no Brasil. Suas canções atravessaram gerações, embalando histórias de amor e desilusão.
Entre os principais sucessos estão “Você É Doida Demais”, que ganhou nova projecção ao ser tema da série Os Normais e “Vou Rifar Meu Coração”.
No entanto, sua trajectória artística foi profundamente marcada por um episódio trágico que chocou o país. Em Março de 1981, Lindomar assassinou a tiros a sua ex-esposa, a também cantora Eliane de Grammont, durante uma apresentação em São Paulo. O crime interrompeu brutalmente uma vida e lançou uma sombra definitiva sobre o legado do artista.
Condenado a 12 anos de prisão pelo homicídio, Lindomar cumpriu parte da pena, obteve liberdade e chegou a regressar brevemente à música, mas jamais se desvinculou do peso do crime cometido.
Nas redes sociais, a filha voltou a recordar essa dualidade ao afirmar que “o homem que mata também morre em vida”, reflectindo sobre finitude, responsabilidade e as marcas deixadas pelos actos humanos.
Lindomar Castilho despede-se deixando um legado artístico que emocionou milhões, mas também uma história que convida à memória, à reflexão e ao debate sobre violência, justiça e humanidade. (Nando Mabica)







