A luta contra o HIV ganhou novo alento, após descoberta feita por pesquisadores alemães do Instituto de Virologia de Colônia. Depois de testarem mais de 800 anticorpos diferentes de amostras de sangue de 32 pessoas infectadas que tinham uma resposta particularmente forte contra a infecção, a equipe de cientistas encontrou um anticorpo eficaz no combate ao vírus da Aids.
O anticorpo 04_A06 foi o que se destacou durante o estudo. De acordo com os pesquisadores, ele é capaz de bloquear uma área onde o vírus se liga às células, impedindo sua proliferação. A equipe, então, decodificou o modelo para o anticorpo 04_A06 na tentativa de reproduzí-lo. “Você usa o modelo genético do anticorpo, transfere-o para uma linha celular em laboratório, usa outra célula e diz a ela: Por favor, produza este anticorpo”, afirmou Florian Klein, líder da pesquisa, à Deutsche Welle (DW).
Experimentos
A partir da descoberta, os pesquisadores realizaram experimentos com camundongos infectados com HIV. Foi constatado que o anticorpo 04_A06 neutralizou a maioria das infecções. Foram utilizadas 340 variantes do HIV, incluindo as resistentes a outros anticorpos, e 04_A06 conseguiu neutralizar 98% delas.
“O HIV tem uma grande diversidade genética, os vírus são todos bastante diferentes”, disse Klein. “É isso que torna o HIV tão difícil de tratar”.
Os pesquisadores afirmaram que a descoberta tem potencial de ajudar pessoas infectadas com o HIV impedindo que o vírus se prolifere entre as células. “Ele se liga à proteína do envelope do vírus, de modo que o vírus não pode mais infectar a célula-alvo”, explicou Klein. O pesquisador acrescentou que, além disso, os vírus bloqueados pelo 04_A06 foram mais bem reconhecidos e ativamente eliminados pelo sistema imunológico do corpo.
A esperança é que o anticorpo também possa ser utilizado para impedir novas infecções por HIV. “O anticorpo intercepta os vírus antes que eles possam infectar as células e se multiplicar no corpo”, destacou Klein.
A equipe concluiu que o anticorpo poderia, então, ser usado como uma imunização passiva, que é a transferência de anticorpos a um paciente. Uma imunização ativa, através de vacinas para a produção de anticorpos, ainda não é possível no combate ao HIV.
De acordo com Christoph Spinner, chefe de Infectologia do hospital da Universidade Técnica de Munique (TUM), ainda levará algum tempo para que o 04_A06 se torne um medicamento. Até o momento, os pesquisadores envolveram apenas dados de laboratório, “portanto, a eficácia não pode ser transferida diretamente para a vida real”, segundo Spinner.
Alexandra Trkola, diretora do Instituto de Virologia Médica da Universidade de Zurique, reforçou que ainda não é possível prever a eficácia do 04_A06 no uso clínico, mas afirmou que os sinais são “definitivamente promissores”.
*Com informações de Deutsche Welle.
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