Embora o processo tenha arrancado em simultâneo nas capitais provinciais e na diáspora, na semana passada, a “inclusividade” está sendo posta em causa pelos cidadãos, que apontam falhas na escolha dos locais, na comunicação e na ausência de plataformas digitais para participação.
O diálogo, que pretende central a recolha de propostas para o futuro do país, está gerando debate e muitas vezes confrontador nas plataformas das redes sociais, onde os jovens expõem as suas preocupações sobre a metodologia adoptada.
Uma das queixas mais recorrentes prende-se com a escolha dos locais para a realização da auscultação. Os internautas questionam a decisão de usar hotéis e espaços que consideram distantes da realidade da maioria da população.
“A minha questão é: sabem que existem pessoas que nunca vão aos hotéis? Esse diálogo inclusivo vai incluir essas pessoas também? As eleições costumam decorrer em escolas próximas das populações, então por que motivo este diálogo está acontecendo nos hotéis?”, questionou Age Piaget.
A crítica sublinha a percepção de que o diálogo está decorrendo em espaços de difícil acesso para as camadas mais pobres e desfavorecidas.
Em pleno século XXI, a ausência de um mecanismo robusto de participação online é vista como um obstáculo à verdadeira inclusão, especialmente para os jovens, utilizadores assíduos de tecnologias digitais.
Délcio defendeu que “este processo devia também decorrer online ou nas plataformas digitais, como WhatsApp e Facebook…”. Indo mais longe, outro internauta, Gércio, salientou que, para o diálogo ser “realmente inclusivo, todos devem participar de forma efectiva e transparente. O uso de plataformas digitais como o Facebook é essencial para garantir uma auscultação mais ampla e representativa. Um diálogo aberto fortalece a democracia e assegura que ninguém fique de for”.
As Organizações da Sociedade Civil também têm debatido a necessidade de integrar as plataformas digitais, reconhecendo que estas são canais cruciais para a voz da juventude.
As preocupações estendem-se à cobertura geográfica e à transparência na divulgação de informações.
“Parece-me que há Distrito que não foram contemplados. A título de exemplo, na província de Nampula não vi o Distrito de Eráti, a não for que li mal a lista”, reclamou um cidadão, levantando dúvidas sobre se o processo está, de facto, a cobrir a totalidade do território nacional, o que comprometeria a sua alegação de ser “nacional” e “inclusivo”.
Adicionalmente, a comunicação sobre o próprio processo tem sido alvo de críticas. Perante jornalistas, a Comissão Técnica que conduz o processo revelou dificuldades em indicar com clareza as plataformas digitais oficiais para acesso à informação e participação, limitando-se a afirmar que “tem usado todas as plataformas de comunicação e informação disponíveis”. (Ekibal Seda)







