Até aqui, tudo bem. A viagem era dele, o sonho era dele e a motorizada… também era dele. Mas eis que surge a OJM, com comunicado em letra maiúscula e tom de epopeia nacional, a proclamar:
“Isto não é um simples passeio! É a prova da paz conquistada, da unidade nacional e da juventude em movimento!”.
Paz conquistada? Só se for à lomba da EN1, porque no resto do país ainda se tropeça em nuvens de pó e buracos que parecem crateras lunares.
De repente, o que era apenas aventura virou campanha: o Banana passou a carregar política no porta-bagagens. Eduardo queria selfies na estrada, mas acabou como cartaz ambulante. A viagem que começou como sonho virou caravana oficial.
E nós perguntamos: será que a OJM não tinha mesmo nada melhor para fazer? Nem uma limpeza de praia? Nem um torneio de nhafa? Nem sequer uma reunião para discutir como a juventude vai arranjar emprego sem precisar virar mototaxista? Nada. Preferiram seguir na boleia do Banana.
Enquanto isso, os comentários pipocavam nas redes:
“Três dias depois já querem se juntar ao movimento… Nunca vi banana a se juntar com milho, com arroz sim. Se o Banana escolher milho, eu desço do comboio e vou comer arroz.”
Outro, mais afoito, escreveu: “Banana pôr talento, a OJM está consigo!”
E, no meio da enxurrada, não faltou o inevitável slogan de bolso:
“Chapo é do povo, vamos trabalhar.”
Moral da crónica? O Eduardo sonhava em conhecer Moçambique de ponta a ponta. Mas descobriu rápido que, neste país, até a banana tem dono. (Nando Mabica)