Num comunicado emitido no Domingo (31.08), a UEM expressou “o mais veemente repúdio” contra os autores do crime, descrevendo o acto como “ignóbil, repugnante e hediondo”. Para a maior instituição de ensino superior do país, este episódio não é apenas uma tragédia individual, mas um reflexo da erosão dos valores morais e da crescente normalização da violência na sociedade moçambicana.
A universidade apelou à comunidade académica e à sociedade civil para colaborarem com as autoridades na localização e responsabilização dos culpados. Mas este caso levanta questões mais amplas: até que ponto as instituições estão preparadas para prevenir e responder à violência contra mulheres?
Segundo organizações de defesa dos direitos humanos, Moçambique enfrenta uma escalada de crimes contra mulheres, incluindo violações, feminicídios e assédio sexual, muitas vezes sem investigação célere e punições exemplares. A morte de Natália reforça a percepção de impunidade e a falta de políticas eficazes de protecção.
Para além da dor e indignação, o caso deve ser um ponto de viragem. Especialistas defendem que a resposta não pode limitar-se a declarações institucionais, mas deve incluir programas de prevenção, reforço das medidas de segurança nos campus universitários, educação para a igualdade de género e combate sistemático à impunidade.
Enquanto a UEM reafirma o seu compromisso com a protecção das raparigas e mulheres, a sociedade moçambicana é desafiada a enfrentar um problema estrutural: a violência baseada no género como sintoma de desigualdade, cultura patriarcal e ausência de justiça eficaz. (Nando Mabica)






