O caso de John Hume, conhecido como o “Barão do rinoceronte” da África do Sul, representa uma complexa interseção entre conservação animal, comércio legal e crime organizado. Aqui está uma análise detalhada do caso:
John Hume, de 83 anos, era um criador de rinocerontes e proprietário da maior criação privada desses animais do mundo, com aproximadamente 2.000 rinocerontes em sua fazenda perto de Joanesburgo. Ele defendia a legalização do comércio de chifres de rinoceronte, argumentando que a venda controlada poderia financiar a conservação da espécie e reduzir a caça ilegal.
Acusações e operação policial
Hume e outros cinco acusados (incluindo dois advogados e um ex-gerente de fazenda) foram presos sob acusação de operar uma rede internacional de contrabando de chifres de rinoceronte. Eles são acusados de vender 964 chifres entre 2017 e 2024, avaliados em cerca de US$ 14 milhões.
As autoridades alegam que o grupo usou licenças legais de comércio doméstico (permitidas na África do Sul) como fachada para exportar ilegalmente chifres para mercados asiáticos, onde são valorizados por supostas propriedades medicinais e como símbolo de status.
As acusações incluem fraude, roubo, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Hume foi libertado sob fiança de 100 mil rands e terá que responder ao processo.
A África do Sul abriga cerca de 80% da população mundial de rinocerontes, mas sofre com a caça ilegal intensiva. Mais de 10.000 rinocerontes foram mortos por caçadores nos últimos 15 anos.
Hume argumentava que o comércio legal de chifres (que podem ser aparados sem machucar o animal) seria uma forma de financiar a protecção dos rinocerontes. Críticos, however, acusavam-no de buscar lucro pessoal.
O caso expõe o debate entre conservacionistas: alguns defendem a legalização para enfraquecer o mercado negro, enquanto outros veem a prática como incentivadora do tráfico.
A prisão de Hume dividiu opiniões. Alguns conservacionistas lamentaram que sua experiência de legalização tenha terminado em crime, enquanto autoridades comemoraram a operação bem-sucedida.
Em 2023, Hume tentou vender sua fazenda e os rinocerontes por US$ 10 milhões, mas não houve compradores. A propriedade foi posteriormente assumida pela ONG African Parks, que transferiu os animais para reservas na África do Sul e em Ruanda.
O caso de John Hume ilustra os desafios da conservação de espécies ameaçadas em meio a interesses econômicos e crime organizado. Enquanto o comércio internacional de chifres de rinoceronte permanecer proibido pela CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas), debates sobre legalização versus proibição total continuarão a polarizar especialistas. (IMN)







