O que seria um momento de luto e união transformou-se numa batalha judicial com implicações diplomáticas e políticas. O funeral de Lungu, originalmente previsto para Junho, permanece suspenso devido a um impasse legal que muitos consideram revelador da fragilidade dos mecanismos regionais de cooperação em matéria de repatriação de dignitários falecidos.
Nos documentos submetidos ao tribunal, o governo da Zâmbia argumenta que, apesar de Lungu ter perdido os benefícios de ex-estadista ao regressar à vida política activa, esse estatuto teria sido automaticamente restituído com a sua morte. Uma interpretação que levanta questões jurídicas e éticas sobre a instrumentalização póstuma da figura do ex-Presidente, que se manteve como figura polarizadora na política zambiana até o fim da sua vida.
Lungu faleceu subitamente em 30 de Junho de 2025, aos 68 anos, após colapsar durante exercícios físicos na sua residência em Lusaca. A notícia da sua morte causou comoção nacional, levando o governo a declarar luto oficial. Contudo, longe de unir a nação, a gestão do seu funeral tem gerado divisões e desconfiança, tanto dentro da Zâmbia como em relação ao papel das autoridades sul-africanas neste processo sensível.
À medida que o Tribunal sul-africano se prepara para emitir a sua decisão final, cresce a pressão sobre os governos envolvidos para garantirem um desfecho digno, transparente e que respeite a memória de Lungu, sem agravar tensões políticas ou sacrificar o interesse público em nome de cálculos partidários. (Nando Mabica)