Na Quarta-feira (19.03), um dia após o “feriado nacional paralelo” convocado pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, em homenagem aos “verdadeiros heróis do povo”, segundo ele, 18 de Março, onde por sinal, houve mortes, feridos por balas verdadeiras e detidos ilegalmente pela polícia da República de Moçambique (PRM), Paulo Chachine veio ao público demonstrar que existe uma dissonância entre o acontece no teatro operativo das manifestações e as ordens emanadas pelos órgãos superiores do MINT.
Entretanto, quando questionado pela Imprensa sobre a possibilidade de uso de balas verdadeiras durante as manifestações, Paulo Chachine disse que “não há ordens para uso de balas reais durante as manifestações”, em seguida questionou “quando é que foram usadas balas verdadeiras durante as manifestações?” –E a Jornalista disse ontem (referindo-se ao dia 18.03).
Chachine, que falava durante uma cerimónia de mobilidade de quadros no SERNIC e outros subsectores do MINT, respondeu que “a Polícia age dentro daquilo que são limites e da Lei, e com meios necessários dentro de cada actuação (…)”. Portanto, esta afirmação está levantando sérios debates e exigência para que o Ministro Chachine seja exonerado pelo Presidente da República, Daniel Chapo.
Lembre-se que no passado dia 05 de Março, às escassas horas para a assinatura dos termos de referência para o compromisso político de um diálogo inclusivo, homens da UIR dispararam contra a comitiva de Venâncio Mondlane e a multidão em plena avenida Julius Nyerere, onde feriram mais de 16 pessoas e morreram duas crianças (mas a PRM só reconheceu terem existido nove feridos e não houve nenhuma morte, segundo Leonel Muchina), no mesmo dia, Chachine disse que a acção visava impedir que aquela multidão se dirigisse ao Centro Internacional de conferência Joaquim Chissano localizado na zona da marginal, ou seja, numa outra avenida.
Outrossim, estas afirmações acontecem numa altura em que as organizações da sociedade civil já contabilizaram mais de 350 mortes durante as manifestações, milhares de feridos com balas verdadeiras disparadas pela UIR e vários detidos ilegalmente. Assim como, a Amnistia Internacional exige que haja uma investigação independente isenta sobre as atrocidades que estão acontecendo em Moçambique desde Outubro de 2024 a esta parte. (O.O.)