Segundo Grossi, o contexto político actual, marcado por incertezas e tensões, tem levado vários governos a reconsiderar suas políticas nucleares, manifestando abertamente intenções de ampliar ou iniciar programas armamentistas. ” A atração dos países pelas armas nucleares aumentou. Cada vez mais países falam sobre armas nucleares de uma forma estranhamente avassaladora”, afirmou o chefe da AIEA.
Grossi sublinhou que a crescente atenção dada às armas nucleares está a pressionar o TNP, um instrumento fundamental para limitar a disseminação deste tipo de armamento e assegurar o uso pacífico da energia nuclear. O tratado proíbe os países signatários de adquirir armas nucleares se não as possuírem, e impede que os estados nucleares aumentem os seus arsenais ou transfiram tecnologia para outros.
O caso do Irão foi destacado como um dos exemplos mais preocupantes. Há duas décadas que o programa nuclear iraniano suscita dúvidas sobre possíveis fins militares. Grossi lamentou a falta de cooperação do governo de Teerão, frisando que questões cruciais levantadas pela AIEA continuam sem resposta.
O Director-geral da AIEA também lembrou o fracasso das negociações com a Coreia do Norte, que em 2009 expulsou inspetores internacionais e desde então realizou seis testes nucleares. Este exemplo foi usado para ilustrar os riscos de não se alcançar um consenso diplomático com o Irão. “Precisamos de firmeza e justiça no diálogo”, acrescentou Grossi, reafirmando o compromisso da AIEA em evitar rupturas no processo de negociação.
Apesar dos desafios, Grossi mostrou-se determinado em fortalecer os mecanismos de não proliferação, apelando à responsabilidade colectiva dos estados-membros das Nações Unidas. Para ele, o sucesso na contenção do armamento nuclear depende da cooperação internacional e da eficácia de tratados como o TNP.
Este cenário coloca em evidência os perigos de uma escalada armamentista num mundo onde a paz e a segurança continuam a ser metas frágeis e desafiadoras.
É de referir que os países que ainda mantêm armamento nuclear (Rússia e EUA principalmente) alegam tê-las para servir de último recurso na defesa de sua integridade territorial. (Bendito Nascimento)