A situação se agravou com a chegada do presidente do município e candidato a governador da província da Zambézia, Manuel de Araújo, que retornava de uma viagem ao exterior. Normalmente, os residentes e apoiantes de Araújo vão ao aeroporto para saudá-lo. Desta vez, no entanto, a polícia bloqueou os acessos ao local, impedindo a aproximação da população.
Testemunhas relataram que, sem justificativa, as forças da Polícia da República de Moçambique (PRM) usaram gás lacrimogêneo e disparos para dispersar os cidadãos que apenas desejavam recepcionar Araújo.
Em resposta, os manifestantes ergueram barricadas com pneus e troncos na estrada de acesso ao aeroporto de Quelimane e em diversos bairros. O ambiente rapidamente se agravou, resultando no fechamento de escolas e estabelecimentos no centro da cidade por motivos de segurança.
Ao sair do aeroporto acompanhado por um grupo de apoiantes, Manuel de Araújo dialogou com a polícia, que tentou impedir seu avanço, questionando o motivo das restrições e apontando que o direito de ser recebido pela população não violou nenhuma lei.
O cabeça de lista da RENAMO enfatizou que as manifestações sempre foram pacíficas e solicitou que a polícia acompanhasse o grupo até o município ou à sede do partido. A polícia, contudo, alegou questões de segurança para justificar a proibição da marcha, mencionando “informações sensíveis” que não podiam ser reveladas.
Desafiando a proibição, o grupo liderado por Araújo continuou a marcha e, ao encontrar-se com outros apoiantes, ajudou a apagar os pneus incendiados ao longo da estrada. Nesse momento, a polícia lançou gás lacrimogêneo, e Araújo acabou inalando o gás, sendo retirado para seu veículo.
Actualmente, a cidade de Quelimane vive um clima de caos. No bairro Brandão, a população capturou um agente policial, e os supermercados foram forçados a fechar. A polícia lançou gás lacrimogêneo em vários mercados importantes da cidade, inclusive no bairro Sinacura, onde se localiza a sede do partido Podemos. Na zona de Sunlight, o trânsito foi interrompido por barricadas de pneus em chamas.
De referir que hoje constitui o primeiro dia da última etapa das manifestações convocadas por Venâncio Mondlane, candidato presidencial suportado pelo Podemos, que actualmente está em “lugar incerto”. E os partidos da oposição (uma parte do que foi receber de Araújo) tinham uma marcha agendada para ter início por volta das 13 horas. (Bendito Nascimento)