Advogados organizam-se para processar o Estado pelas mortes nas manifestações

INTEGRITY-MOÇAMBIQUE, 11 de novembro de 2024-A Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) em coordenação com algumas entidades da Sociedade Civil pretendem processar legalmente o Estado moçambicano para que este indemnize às famílias dos indivíduos baleados mortalmente pela Polícia da República de Moçambique (PRM) durante as manifestações que acontecem no país em reivindicação dos resultados eleitorais.

A Human Rights Watch (HRW), uma organização internacional não governamental que defende e realiza pesquisas sobre os direitos humanos, comunicou que pelo menos 30 pessoas foram mortas no país durante as manifestações desde 19 de outubro até o dia 6 de novembro. A plataforma de observação eleitoral “Decide”, registou quatro mortes, só no dia 7 de novembro.

O advogado Victor da Fonseca, membro do Conselho Provincial da OAM na Cidade de Maputo, considera, assombroso, o número de vítimas mortais, baleadas pela PRM, nas manifestações. Falando a Integrity Magazine News defendeu que deve haver responsabilização dos infractores e indemnização às famílias por isso a sua organização já trabalha no sentido de processá-los.

“A ordem e outras entidades estão trabalhando para responsabilizar os autores desses crimes bárbaros. Está sendo feito um levantamento em parceria com os médicos para apurar-se as mortes e ter laudos clínicos das mesmas (…). Caso alguém se sinta lesado pela perda do ente querido, um processo será iniciado”, revelou.

O nosso entrevistado esclareceu que a responsabilidade nessas circunstâncias é atribuída ao tutelar das armas que no caso é o Estado moçambicano representado pelo Ministério do Interior.

“Relativamente a esta situação a responsabilidade recai para o Estado em ressarcir os que perderam os seus entes queridos, visto que a nossa Constituição da República também fala de direito à indenização e de regresso”, explicou o advogado, acrescentando que o Estado deve responsabilizar os seus agentes pelo comportamento não apropriado.

Para o advogado é evidente que a PRM atirava com intenção de matar mesmo havendo normas moçambicanas que falam sobre o direito à vida, caso do artigo 40 da Constituição da República.

“Este direito à vida não é dado valor quando os militares ou agentes da polícia atiram com balas verdadeiras. Obviamente a intenção deles é tirar a vida. E, acima de tudo, quando atiram para as partes superiores do corpo humano. Estes são pontos em que certamente ao serem alcançados, as pessoas podem perder as suas vidas”, condenou lamentando a atitude da polícia. (Ekibal Seda)

 

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