Em uma carta pastoral divulgada recentemente, a Conferência Episcopal de Moçambique reforçou a necessidade de um processo eleitoral que respeite a vontade popular, para fortalecer a democracia no país.
Os apelos dos bispos surgem num contexto em que quatro candidatos concorrem para suceder Filipe Nyusi, Daniel Chapo, do partido no poder (Frelimo), é o candidato mais jovem entre os concorrentes, e tenta renovar a imagem do partido, marcado por denúncias de corrupção. Já Venâncio Mondlane, pelo partido Podemos, surge como a escolha dos jovens e críticos do actual governo. Ossufo Momade, pela Renamo, aposta no discurso de segurança, prometendo combater a instabilidade no norte do país. Lutero Simango, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), foca-se em políticas económicas e no acesso à saúde.
A carta pastoral dos bispos alerta para o risco de repetição de episódios de violência que marcaram eleições anteriores e pede aos candidatos que coloquem o “serviço ao povo” acima de interesses pessoais ou partidários. Segundo os líderes religiosos, a transparência depende não apenas das estruturas organizadoras das eleições, mas também do respeito pela oposição e dos esforços conjuntos para construir uma cultura de inclusão e respeito pelos princípios democráticos.
Além de questões eleitorais, os candidatos têm destacado o problema da violência e terrorismo em Cabo Delgado, onde um conflito armado já desalojou mais de um milhão de pessoas. O foco dos concorrentes é restabelecer a paz e a confiança da população nas forças de segurança, que foram criticadas por supostos casos de conivência com os insurgentes.
Contudo, segundo a opinião pública, o resultado do pleito poderá ser decisivo para determinar se o país conseguirá superar os desafios internos e as divisões políticas que têm marcado as últimas décadas. (Bendito Nascimento)